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História de um pai e de um filho que vão juntos para o Tarrafal

História de um pai e de um filho que vão juntos para o Tarrafal

Livro de Edmundo Pedro apresentado em Vila Franca por Manuel Alegre

Gabriel Pedro e Edmundo Pedro, pai e filho, foram presos ao mesmo tempo e deportados para o Tarrafal. Manuel Alegre recordou a vida aventurosa e combatente de Edmundo Pedro mas não esqueceu a de seu pai, Gabriel Pedro, um homem tão forte, lutador, persistente como o seu filho Edmundo, que já prepara o segundo volume de memórias.

Manuel Alegre foi a Vila Franca de Xira, ao museu do Neo-realismo, apresentar mais uma vez o livro de memórias de Edmundo Pedro que o autor não se cansa de promover pelo país embora a data da primeira edição seja de Janeiro de 2007. “Este livro podia ser um grande romance neo-realista. Mas não o sendo, e devido a tantas coisas importantes que relata sobre a nossa História, muitos dos seus capítulos deviam ser lidos obrigatoriamente nas escolas portuguesas. Edmundo Pedro é alguém a quem se pode chamar um herói. Deve-se a ele a liberdade que hoje temos em Portugal. É um exemplo vivo de entrega total às causas em que acreditou, sobretudo à causa da democracia e da liberdade”. Foi desta forma que o poeta Manuel Alegre falou de Edmundo Pedro, amigo e companheiro de combates políticos e autor do livro “Memórias – Um Combate pela Liberdade” apresentado na passada terça-feira, 18 de Março.O poeta e vice-presidente da Assembleia da República afirmou durante a sessão que “este livro retrata o outro lado da história, das grandes figuras do movimento operário e da sua emergência na sociedade portuguesa, nomeadamente Bento Gonçalves, Francisco Paula de Oliveira (Pavel), Rogério de Sousa, Gabriel Pedro, Edmundo Pedro entre outros que, apesar de operários, eram os intelectuais do movimento. Com eles nasceu uma consciência política e ideológica no movimento operário”, refere.Manuel Alegre recordou algumas histórias passadas com Edmundo Pedro e a sua família. Gabriel Pedro, pai de Edmundo, entregou as suas memórias ao poeta com o pedido de que este as entregasse ao filho se houvesse problemas consigo. Quando Gabriel Pedro morreu Manuel Alegre cumpriu a sua vontade e voou até Paris ao encontro da mãe de Edmundo, Margarida Ervedoso, para lhe entregar as memórias do ex-marido.No entanto Alegre quis ficar com uma cópia dessas mesmas memórias e pediu a uma prima de Edmundo que estava em Paris que lhe fizesse um duplicado. Ela aceitou e pediu que ele passasse no dia seguinte para levar as folhas. Quando o poeta voltou no outro dia as memórias de Gabriel não estavam lá, nem as cópias nem o original. Um alto responsável do Partido Comunista (PCP) já as tinha levado. Até hoje. “Já tentei resolver o assunto com o PCP porque fui eu que fiquei responsável por fazer chegar os documentos ao Edmundo Pedro mas até hoje não consegui”, lamenta.Alegre fez questão de referir a parte do livro que se refere ao Tarrafal para dizer que Edmundo Pedro bateu todos os recordes de permanência na tortura da “frigideira” e que o Tarrafal era um verdadeiro Campo de Concentração, não como na Alemanha onde praticavam o extermínio, mas com todas as formas de violência física e espiritual para acabar com a vida dos presos, como aconteceu com muita gente que ali sofreu e morreu.Uma das grandes curiosidades do livro e da história de Edmundo Pedro foi ter ido parar ao Tarrafal tão jovem e juntamente com o seu pai Gabriel Pedro. “Esta é uma verdadeira história de amores, aventuras, de vidas que sofreram derrotas, que viram os sonhos adiados, que tudo sacrificaram para defenderem os amanhãs que naquela altura ainda cantavam. Não conheço mais ninguém como o Edmundo que tenha participado em tantos combates antes e depois do 25 de Abril”.
História de um pai e de um filho que vão juntos para o Tarrafal

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