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Ciclópico Manuel Serra d’Aire

Ciclópico Manuel Serra d’Aire

Estou desolado, de rastos, completamente desmoralizado. A delegação da ASAE de Santarém foi assaltada e com esse ignóbil acto, perpetrado provavelmente por fumadores ressabiados, caiu mais um dos nossos mitos, depois de Salazar ter tombado da cadeira, de Eusébio ter deixado de jogar a bola e de Amália se ter calado para sempre. A ASAE, zeladora da pureza das nossas cozinhas, restaurantes, tascas e afins afinal também tem pés de barro. Quem é que vai acreditar que a ASAE vai conseguir erradicar os galheteiros de azeite dos restaurantes, o bacalhau fora de prazo, os jaquinzinhos e as petingas se nem as suas instalações é capaz de preservar? Como é que se pode confiar numa polícia que contratou uma empresa de segurança para guardar as suas instalações depois de terem sido assaltadas? Isto não faz nada bem às minhas insónias. Felizmente saiu na semana passada uma notícia que me pode ajudar a ter um sono tranquilo. Segundo um daqueles estudos que as revistas semanais gostam muito de publicar, um truque simples para conseguir ter um sono mais descansado passa por escolher os alimentos certos, onde se incluem os feijões, grão-de-bico ou ervilhas. Estes alimentos, ficas a saber, contêm uma grande quantidade de triptofano, um aminoácido essencial que auxilia naturalmente o sono. O risco é que um tipo pode não morrer da doença mas pode não aguentar a cura.Não sei se a ASAE já averiguou a composição desses alimentos e se nos pode assegurar que o triptofano é de fiar, mas eu não punha as mãos no lume. Com tanto feijão e grão no bandulho um tipo até pode passar a noite a dormir como um justo, mas está sujeito a não acordar. A acumulação de gases, como todos sabemos, pode ser letal. Manel quero também aqui deixar uma palavra de apreço ao organizador do almoço de regozijo pela saída de António Paiva da presidência da Câmara de Tomar. Gosto de pessoas com convicções profundas e um estômago ainda mais abismal, que arranjam os pretextos mais absurdos para justificar uma patuscada. Depois dos jantares de desagravo vêm agora os almoços de regozijo. O que me espanta é a pouca adesão ao repasto. Meia dúzia de pessoas ao que sei. Nem o próprio Paiva, que já estava farto de ser autarca, se inscreveu. Nem a oposição, que estava mortinha por vê-lo pelas costas, aderiu. Nem os homens do PSD, que já fazem contas à sucessão, tiveram tomates para se regozijar publicamente atacando um lombo de porco com batatas fritas. Pelos vistos, essa malta nem para comer presta. E quem não é para comer não é para trabalhar, já dizia a minha avó. O espírito do Maio de 68 parece ter regressado em força. Pelo menos a Samora Correia. Um grupo de gaiatos de 13 e 14 anos decidiu destruir cadeiras, mesas, um vidro e uma porta da escola por ser obrigado a ter aulas num dia em que, nas suas imaginativas mentes, a escola devia estar fechada devido a greve dos funcionários. Não é fácil um adolescente ver quebrada a expectativa de um dia de folga, após semanas a fio a estudar no duro. Como eu os compreendo. Daqui vai o meu abraço solidário e um veemente repúdio pela atitude desses malvados funcionários que não sabem aderir a uma greve, nem que seja para facilitar a vida à rapaziada. Saudações pascais do Serafim das Neves
Ciclópico Manuel Serra d’Aire

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