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Mulheres políticas dizem que a lei da paridade é hipócrita

Mulheres políticas dizem que a lei da paridade é hipócrita

Luísa Mesquita e Odete Rodrigues “chumbam” quotas de género na política

A participação das mulheres na vida política não deve ser fomentada por decreto, disseram as oradoras.

A nova Lei da Paridade na política recebeu um “chumbo” de Helena Lopes da Costa (PSD), Luísa Mesquita (independente) e Odete Rodrigues (PS), num debate sobre o tema promovido pela distrital de Santarém do PSD. A deputada socialista Ana Benavente, cuja presença era anunciada na nota do PSD sobre o evento, foi substituída à última hora pela ex-presidente da Assembleia Municipal de Torres Novas, Odete Rodrigues, e Teresa Caeiro (CDS/PP), igualmente anunciada, não compareceu à sessão de sábado.As três participantes no debate - que decorreu no Centro Cultural de Tancos com a presença de algumas dezenas de militantes, na maioria mulheres - foram unânimes na afirmação de que não é por via regulamentar que se incentiva a participação da mulher, mas sim pela criação de condições na sociedade para que isso aconteça. “Esta lei é hipócrita”, disse Odete Rodrigues, sublinhando que o diploma “continua a fomentar a desigualdade” e só visa “resolver o problema de alguns” e defendendo que “primeiro é preciso resolver o problema da mulher na família, na sociedade e no trabalho”.Helena Lopes da Costa acrescentou às dificuldades que as mulheres já sentem em conciliar a vida familiar e profissional as condições não favoráveis à sua participação criadas na política a “exposição pública” a que ficam sujeitas. Referindo o seu próprio caso, alvo de notícias de que estava a ser investigada por, enquanto vereadora na Câmara de Lisboa, ter atribuído casas a pessoas que não reuniam condições, Helena Lopes da Costa afirmou que esta “judicialização da política” afasta da política as mulheres, que têm “mais pudor e mais vergonha”.Helena Lopes da Costa alertou ainda para os riscos de, à força do cumprimento das quotas para não serem penalizados, os partidos estarem a recrutar pessoas que não se identificam com o que devem ser as linhas mestras do seu pensamento político.Luísa Mesquita contestou a “leitura biológica da vida” implícita na lei, citando o caso do Ruanda, o país que mais mulheres tem no Parlamento e que está longe de ser um modelo de democracia. Acusando a lei de estabelecer uma falsa paridade (33 por cento não é o mesmo que 50 por cento) e de servir para “distrair do essencial”, Luísa Mesquita leu o artigo da Constituição que consagra o princípio da igualdade, o qual, afirmou, “não deveria permitir uma lei que diz que, de vez em quando, entra uma mulher, e se não entrar os homens são multados”.A deputada defendeu que o caminho “é outro” e tem de passar pela criação de uma sociedade “digna”, que reúna as condições “objectivas” para que “cada um possa dizer que não é porque não quer”, porque, frisou, no Portugal de hoje há quem “gostaria de ser e não pode”.
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