Recuperar rolhas de cortiça para plantar um milhão de árvores
Recolha da Quercus começa em Abril junto de restaurantes
A Quercus pretende recolher 30 por cento das rolhas de cortiça comercializadas anualmente em Portugal e aplicar o dinheiro resultante da reciclagem na plantação de um milhão de árvores nos próximos cinco anos.O presidente da associação ambientalista explicou à agência Lusa que a recolha das rolhas de cortiça vai começar a ser feita em Abril em restaurantes, estendendo-se a partir de Junho a escolas e aos hipermercados Continente, onde serão colocados depósitos para colocação das rolhas. Desta forma, a associação ambientalista pretende recolher 30 por cento dos 300 milhões de rolhas que todos os anos são introduzidas no mercado em Portugal.Depois de recolhidas, as rolhas são trituradas e aproveitadas para o fabrico de outros produtos industriais, como isolamentos, juntas de dilatação, pavimentos ou revestimentos. “Os dividendos financeiros resultantes da reciclagem serão reinvestidos na plantação de árvores e na gestão de habitats e espécies”, acrescentou Hélder Spínola.A plantação de sobreiros e a gestão de montados de sobro já existentes é considerada prioritária, uma vez que o uso das rolhas de cortiça promove a existência destes ecossistemas, considerados dos mais ricos em biodiversidade na Europa. Nos próximos cinco anos, a Quercus pretende plantar um milhão de árvores, criar 100 novas reservas biológicas e restaurar 10 quilómetros de rios e ribeiras.A corticeira Amorim associou-se a este projecto, sublinhando que se trata do “primeiro programa de reciclagem que permite financiar a conservação e recuperação da natureza, utilizando exclusivamente árvores que constituem a floresta autóctone portuguesa”.O presidente da corticeira, António Amorim, lembrou à Lusa que as rolhas de cortiça são um produto reciclável “com aplicação a nível industrial” e mostrou vontade em estender este projecto a outros países.“A Quercus e o Modelo Continente fazem a campanha de sensibilização e de recolha das rolhas. A Amorim paga por essas rolhas, que vai utilizar como matéria-prima nos seus fins industriais e a Quercus e a Modelo Continente utilizam esse dinheiro para a plantação de sobreiros”, resumiu o responsável.Para a Amorim, a rolha de cortiça é “o produto base que deverá continuar a garantir a manutenção do montado de sobro”, um ecossistema que se estima que absorva por ano em Portugal 4,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que representa cinco por cento das emissões totais do país.O projecto de recolha e reciclagem de rolhas promovido pela Quercus insere-se numa iniciativa mais ampla, o “Condomínio da Terra”, que encara o Planeta como uma casa comum, onde os bens devem ser geridos em conjunto. Para isso, estão a ser criadas em Portugal micro-reservas onde os ambientalistas compram espaços ou estabelecem contratos com proprietários de algumas zonas para a conservação das espécies e recuperação dos habitats, estando as salinas e as dunas já referenciadas como prioritárias.
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