Uma espécie de diário
A dirigente nacional do PSD, Paula Carloto, não gostou das nossas notícias sobre a sindicância à câmara de Lisboa que envolvem o seu companheiro, arquitecto e chefe de divisão na autarquia, e ela própria na qualidade de empresária. Vai daí fez duas queixas à Entidade Reguladora para a Comunicação Social numa clara tentativa de intimidar muito mais do que de se defender, já que era aqui nestas páginas que ela poderia explicar-se se tivesse alguma coisa de importante para esclarecer. Paula Carloto é o espelho do actual partido de Menezes: um partido à deriva sem dirigentes à altura.Se alguém duvida disso, desculpem-me a franqueza, só ajuda a confirmar a inteligência budista que considera a burrice pecado mortal.Sem saber ler nem escrever publiquei ao longo destes últimos 20 anos em seis antologias que reúnem poesia ou intervenções em colóquios. Um dia destes encontrei um desses livros que publica todas as intervenções num congresso sobre Jorge de Sena, em que tive o privilégio de partilhar a mesa com ensaístas como Eduardo Lourenço e Eduardo Prado Coelho. Relido o texto agora percebo melhor porque tenho tanta dificuldade em escrever mesmo que seja uma simples crónica de jornal. Ou muito me engano ou a minha prosa envelhece mais rápido que as barbas do milho.Os estudos da Marktest continuam a mostrar que O MIRANTE é o maior e o mais lido jornal português na nossa área de influência. O mérito é de quem o edita mas também é muito o de quem o organiza e dirige seja a nível editorial, comercial ou administrativo. De uma certeza estamos todos conscientes: os êxitos de O MIRANTE como jornal são para comemorar sempre a dez anos de distância. Nesta altura ainda estamos a comemorar o dia em que há cerca de dez anos resolvemos apostar nas três edições diferenciadas. De um livro recente de Paulo Francis retirei a seguinte frase sobre a vida numa grande cidade que serve que nem ginjas para o que quero deixar implícito: “dominávamos as ruas em que hoje seguramos as carteiras e as mulheres escondem as correntes de pescoço”.Vou gozar umas férias nas próximas semanas. Não ficarei longe e provavelmente vou escrever e ler todos os dias muito mais do que o habitual. Não sei é se me vai apetecer escrever para este espaço (escrever sobre o assunto pode ser uma boa razão para não faltar a este compromisso com os leitores). JAE
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