Livro sobre Freguesia de Vialonga da pré-história ao século XXI
Dois historiadores estão a ultimar livro que evoca o tempo da ocupação romana
Um carro que circule pela rua principal de Vialonga está a fazer o mesmo percurso que fizeram os homens que por ali passaram, há várias centenas de anos, no tempo da ocupação romana. O eixo da freguesia é o eixo romano da Via Longa, a estrada que ligava Lisboa a Braga. Ou melhor, o Olissipo a Bracara Augusta, para usar as designações da época. São poucas ou quase nenhumas as pessoas que sabem disto. Talvez sejam ainda menos as que sabem da existência de vestígios da Pré-história no Monte Serves e na Verdelha do Ruivo, onde há Dólmens, uma gruta e até um povoado megalítico.Estes são apenas dois detalhes da história de Vialonga que os historiadores Pedro Marujo do Canto e Vera Borda d’Água incluíram no livro que irão lançar em breve, com a história da freguesia que os viu nascer. O livro já era para ter sido lançado mas a extensa investigação dos historiadores obriga-os agora a ter que cortar o trabalho para, pelo menos, metade das páginas que escreveram. “Temos informação a mais. Escrevemos cerca de 500 páginas e, para um livro que se quer de divulgação, é demais”, explica Pedro Marujo do Canto. “A dificuldade agora é seleccionar uma informação que já está seleccionada. Estamos a retirar informação e depois vamos fazer uma revisão geral do livro”, acrescenta. A obra final será o resultado de uma pesquisa que durou cerca de quatro anos, feita em colaboração com o fotógrafo Pedro Sampaio, o geógrafo Daniel Dias e Eduardo Brito, que colaborou na parte da heráldica.“Há coisas que fotografámos nos últimos três anos e que já não existem”, revelam os historiadores, que esperam com a sua obra fixar as memórias do património da freguesia. Um património, nalguns casos, em rápida degradação, como o caso da Quinta do Duque ou do Palácio da Flamenga. Estes são, para os historiadores, os casos mais urgentes de degradação e que necessitam de intervenção mais imediata. “Conservar o património é uma questão de escolhas. A dificuldade é que não são feitas essas escolhas”, considera Pedro Marujo do Canto. “Muita da população de Vialonga viveu ou trabalhou na Quinta do Duque. As pessoas conhecem-na muito bem e há uma ligação da comunidade ao espaço”, refere Vera Borda d’Água, que cresceu em Alpriate e frequentou o ensino primário numa escola junto à quinta, desde sempre habituada ao convívio com aquele espaço. Para a historiadora, a quinta é já um caso perdido. “Só não digo que está totalmente perdida porque a nível fotográfico temo-la toda documentada, desde os jardins ao interior do edifício”. “A capela da Flamenga pode ainda ser recuperada e deveria ser aberta ao público”, concordam os historiadores.O livro tem ainda apenas um título provisório que os autores preferem não revelar. Dizem apenas que é “uma síntese da Pré-história até ao século XXI”, onde tentaram incluir um pouco de cada época, dos tempos mais antigos até aos mais recentes. “Poucos jovens sabem que o Forte da Casa já pertenceu a Vialonga. E estamos a falar de uma coisa de 1985, que não é assim tão antiga”, frisa Vera Borda d’Água, referindo um dos pormenores da história mais recente da freguesia.
Mais Notícias
A carregar...