A pianola (piano automático) com 100 anos que foi encontrada no velho Teatro Salvador Marques, em Alhandra, e que entretanto foi restaurada, é hoje uma das estrelas do Museu Municipal de Vila Franca de Xira. O piano pode ser visto no átrio da sede do museu onde estão também os rolos com as partituras de música para a pianola que podem ser ouvidos a pedido dos visitantes. No total existem 78 bobines com várias peças musicais. Os rolos são colocados na estrutura do piano que lê automaticamente as partituras na textura das bobines que possuem pequenos orifícios. Além de funcionar na versão de auto-piano o instrumento pode também ser tocado de forma livre por um músico. Para proceder à recuperação do piano o museu pediu aconselhamento ao Museu Nacional da Música e Museu Nacional do Teatro.A manutenção do piano exige que esteja exposto e seja tocado com frequência para evitar desafinações que estragam a peça. “Já tivemos no museu um grupo de alemães que viu a pianola. Um deles era pianista e pediu-nos para tocar”, explica a directora do museu, Graça Nunes.O Museu Municipal de Vila Franca de Xira tem à sua guarda um vasto rol de peças que integram o espólio do Teatro Salvador Marques, entre as quais está a pianola. O património móvel e integrado do Teatro Salvador Marques foi recolhido e depositado nas Reservas do Museu Municipal no ano de 2005. Entre as peças do espólio encontram-se panos de boca de cena e medalhões em tela com alegorias das artes do espectáculo, que estavam integrados sob o estuque, com a assinatura de Veloso Salgado. “Só não se encontra exposta por questões de espaço”, informa a directora. O edifício está em ruínas e a descoberta foi feita pelos técnicos da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira que procediam ao inventário das existências no teatro que esteve abandonado dezenas de anos. A pianola estava guardada na caixa onde foi transportada e constitui uma peça única em Portugal.Os lustres de tecto, cadeiras, uma estátua e peças decorativas também integram o material recolhido. O espólio do teatro continuará nas reservas do museu até a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira decidir que fim dar ao edifício em ruínas do antigo Teatro Salvador Marques que se mantém de pé na zona ribeirinha de Alhandra, com vista para o Tejo. “Se o teatro for recuperado a pianola voltará ao espaço. Não queremos é hipotecar uma peça com aquele valor. E é importante que fique num sítio condigno”, diz a directora do museu.Chegou a ser avançada a possibilidade de ser construído no local um edifício com fachada semelhante à original. O projecto partia de um protocolo entre a câmara e sociedade Euterpe Alhandrense envolvendo várias empresas e entidades ao abrigo de programas de mecenato cultural, mas ficou por terra. Os custos da restauração eram impraticáveis e superiores à construção de raiz de um novo espaço.Em Fevereiro de 2007 os sócios da Euterpe Alhandrense legitimaram a reversão do Teatro Salvador Marques a favor da autarquia de Vila Franca de Xira. Depois de gastar 50 mil euros em projectos para o espaço. O MIRANTE contactou a câmara para saber o que está previsto para o edifício, que está actualmente com as entradas emparedadas, mas a autarquia informou que não decidiu ainda o destino do velho edifício.