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Manuel Valério

Manuel Valério

66 anos, Empresário

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Sou o sétimo filho de uma família de dez irmãos. O meu pai era empreiteiro da construção civil. O meu destino era trabalhar nas obras. Todos os meus irmãos o fizeram com o meu pai. A mim salvou-me uma precoce vocação. Queria ser padre e, aos 11 anos, quando acabei a escola primária entrei para o Seminário em Fátima. Aos dezasseis anos fui “convidado” a sair. Era muito quezilento. Com 18 anos ingressei na Força Aérea Portuguesa. O Seminário e a Força Aérea foram duas escolas onde tive o privilégio de andar e que mudaram por completo o percurso da minha vida. Obras públicas podem haver ou não mas frangos toda a gente come. A Fiança tem dois tipos de actividade. A construção civil e obras públicas, que é a principal, e a avicultura. Iniciei a avicultura na minha terra natal, a Batalha. Embora seja uma actividade de tostões é mais segura que a construção civil. A Fiança está representada no Mali, em África. Já estou nas obras públicas há 36 anos. Fundei a empresa em 11 de Novembro de 1988. Ao domingo não trabalho, ponto final. Mas o domingo à noite para mim já é segunda-feira de manhã. Tenho 66 anos e já estou reformado. Mas continuo a vir trabalhar todos os dias. Costumo dizer, sem modéstia, que já não preciso da empresa para nada mas os meus trabalhadores precisam e, por esse motivo vou trabalhar até poder. Uma das coisas que mais prazer me dá é pagar a tempo e horas aos fornecedores e aos empregados. A Fiança tem crédito ilimitado no mercado porque é uma empresa cumpridora. Na Fiança trabalham 22 pessoas. Nenhuma está a contrato a prazo e mais de metade tem para cima de 15 anos de casa. Para além de um quadro pessoal coeso, tento manter uma relação de amizade com os meus colaboradores. Sou mais apaixonado por aviões que o meu filho que é piloto. A culpa é da Força Aérea onde fui mecânico. Costumo viajar com frequência por motivos profissionais. Mali, Brasil, Barcelona, Paris, Estados Unidos. Gosto imenso de viajar. De viajar de avião, claro. Tentar interferir na vontade dos filhos é a mesma coisa que tentar apanhar o vento com as mãos. Fundei a empresa na perspectiva dos meus filhos lhe darem continuidade mas foi errado. Tenho três filhos, dois rapazes, o João de 41 e o Miguel de 38. A mais nova é a Diana e tem 23 anos. Respeito as suas decisões. O mais velho trabalha no ramo das obras públicas mas noutra empresa muito conhecida, a OPCA. Já trabalhou comigo mas quis voar mais alto. Tomara eu saber tanto de construção civil quanto ele. Continua a ter o seu gabinete de trabalho nesta empresa. O do meio é piloto de aviões e a minha filha mais nova está a tirar o curso de direito em Coimbra. Estive 15 anos em Moçambique, na Cidade da Beira, para onde fui destacado pela Força Aérea. Foi lá que conheci a minha mulher, casei e tive os meus dois primeiros filhos. Fui saneado da empresa e arranjei trabalho como empregado administrativo numa unidade hoteleira. Estudei contabilidade no Instituto Comercial. Formei-me como Técnico Oficial de Contas, o que sou até hoje. O meu regresso a Portugal não está relacionado com o 25 de Abril. Não faço parte da leva dos retornados. Vim para administrar uma unidade hoteleira, em Oeiras.
Manuel Valério

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