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“Governadores Civis têm uma pesada carga burocrática que lhes consome muito tempo”

Dalila Araújo é a representante do governo no distrito de Lisboa há três meses

A nova governadora civil Dalila Araújo fez carreira como assessora política, mas recusa ser uma mulher de gabinete. Simpática, prática e com um discurso afável, a professora universitária conquistou os autarcas e as forças vivas do distrito. O combate à delinquência e à sinistralidade rodoviária são dois dos objectivos que traçou.

A onda de criminalidade está a gerar um sentimento de insegurança no distrito. Todos os dias lhe chegam pedidos de reforço de segurança…Há de facto um maior sentimento de insegurança que não corresponde à própria insegurança. As pessoas têm mais receios, mas continuamos a ter índices de criminalidade baixos no distrito de Lisboa. Reconheço que as pessoas se sentem inseguras e é preciso aproximar as autoridades policiais dos cidadãos. Este sentimento de insegurança diminui se tivermos um simples posto da GNR ao pé de casa, às vezes é um local que não é operacional, limita-se a registar as queixas, mas para as pessoas essa presença é importante.Mas há um défice de agentes na maioria das esquadras da PSP e postos da GNR do distrito. Azambuja tem 41 militares para todo o concelhoNa perspectiva de quem sente a insegurança, os meios são sempre poucos. O ideal será termos um polícia para cada cidadão, mas não é possível. Os meios são escassos. Foi feita uma reestruturação das forças de segurança e há uma vontade política para continuar a reforçar os meios. No distrito de Lisboa, vamos criar o observatório de delinquência juvenil que é uma área onde temos de actuar com determinação. As mudanças operadas recentemente, com a colocação da PSP nos meios urbanos e da GNR nas zonas rurais, já produziram resultados?Ainda é cedo para balanços, mas verificamos que a GNR está mais vocacionada para os lugares mais rurais enquanto a PSP tem características mais urbanas, mas isso não significa que não haja cooperação entre as forças. Não se podem fechar nas suas capelinhas. É importante para os governantes saírem do gabinete em Lisboa e virem ao terreno ouvir quem aqui vive?A acção política deve ser feita no terreno. É prática do governo e é a minha prática enquanto governadora. Percorro todo o distrito para ouvir as expectativas das pessoas e conhecer os seus problemas. Em Lisboa, tenho gabinete no Chiado, uma das zonas mais bonitas da cidade, mas quando se sai para o interior verificamos que o país é diferente fora da capital.O Governo Civil de Lisboa está a dois passos dos principais ministérios. Justifica-se haver esta figura tão perto do poder central?O Governador Civil existe na constituição enquanto representante das regiões. Vem do Estado Novo do Código de Costa Cabral. Tinha muito poder antes do 25 de Abril e deve continuar a existir enquanto não tivermos regiões.Se forem criadas as regiões, são dispensáveis?Não faz sentido existir governadores civis com as regiões.Quais são as principais funções dum governador?Temos um papel activo ao nível da protecção civil, da prevenção e segurança rodoviária, da segurança das pessoas e bens. Somos o elo de ligação das populações com o governo transmitindo as expectativas das pessoas e dos autarcas.Sente que é ouvida pelos secretários de Estado e Ministros?Pelo meu ministro sou com toda a certeza. Com os outros já tenho tido sucesso em algumas questões que coloco. Ainda hoje levo um conjunto de preocupações na área da educação e da segurança que vou colocar aos senhores ministros.O papel dos governadores não chega à opinião pública?Não chega. Infelizmente as pessoas desconhecem um vasto conjunto de competências do governador. O cargo tem uma carga burocrática pesadíssima que nos consome muito tempo. As manifestações, os alarmes, os passaportes, a fiscalização dos leilões, os concursos das televisões, todos os concursos publicitários são competência dos governadores. Só concursos, autorizamos duzentos e tal por ano e fiscalizamos todos. Temos ainda a fiscalização das salas de dança, vulgo discotecas que também nos dá muito trabalho. Com a nova legislação vamos ter novas competências na área da segurança privada. Visitou o concelho de Azambuja no dia 14 de Maio e ouviu preocupações dos bombeiros e autarcas. O que extraiu desta visita?Levo daqui um balanço muito positivo e uma imagem de uma grande dedicação e de um grande empenho no apoio às pessoas que mais precisam. Os bombeiros e a Cruz Vermelha são bons exemplos de cidadania com cidadãos envolvidos na vida da sua terra e do seu concelho.Estes exemplos são cada vez mais raros nas grandes cidades?Sem dúvida. Nos meios mais rurais permanecem mais acentuados estes traços de relações de parceria e ajuda mútua.Esta é uma zona de acidentes graves. O Governo Civil tem feito várias campanhas de prevenção rodoviária. Está satisfeita com os resultados?Nos últimos cinco anos houve uma diminuição de 51 por cento nas vítimas mortais resultantes da sinistralidade rodoviária no distrito de Lisboa. As campanhas ajudam a criar uma maior consciência cívica, depois melhorámos a qualidade das vias e os carros também são cada vez mais seguros e robustos. No dia 28 de Maio vamos apresentar a estratégia nacional de segurança rodoviária de 2008 a 2015.Em que consiste?É um documento de estratégia a longo prazo que define como é que os poderes públicos devem actuar perante os factores de risco e faz um levantamento dos pontos negros para que sejam adaptadas medidas para os corrigir num processo que vai envolver também os municípios. É um estudo coordenado pela Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária que será debatido em todos os distritos com a participação das várias entidades e das populações e cujo documento final será depois aprovado pelo governo em Conselho de Ministros.

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