uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Presidente da câmara diz que há pleno emprego no concelho

Joaquim Ramos defende a logística como vector de desenvolvimento

O número de empregos criados nos últimos meses já permitiu superar o fecho da Opel em Azambuja. Quem o afirma é o presidente da câmara, Joaquim Ramos, que fala em pleno emprego num concelho que perdeu o aeroporto e uma multinacional, mas que já está a preparar-se para a chegada do TGV.

Que informação tem sobre os ex-trabalhadores da Opel?Há trabalhadores que criaram o seu próprio negócio com as indemnizações que receberam. Outros integraram-se noutro tipo de actividades. É muito difícil fazer o balanço enquanto durar o fundo de desemprego. As pessoas estão menos permeáveis a outro tipo de actividade. Temos bons empregadores no concelho. A Impormol vai admitir uma série de pessoas com um leque salarial até superior ao que a Opel praticava. Quem quiser trabalhar encontra trabalho. Posso estar a ser politicamente incorrecto…Mesmo com o acidente “Opel” é possível falar em pleno emprego?Acredito que mesmo assim se pode perspectivar o pleno emprego em Azambuja. Há desempregados que são basicamente os ex-trabalhadores da Opel que estão a receber o fundo de desemprego. Temos aqui uma dificuldade que é o primeiro emprego, nomeadamente para jovens que atingem um nível profissional de qualificação elevado. Mas é uma dificuldade genérica. O país nunca teve a preocupação de planear as saídas de acordo com as perspectivas de evolução dos mercados. Todos os cursos que têm por base a matemática têm saída. Há excesso de oferta relativamente à procura. Um desajuste entre as necessidades do mercado e a oferta das universidades. A saída da Opel interferiu com a estratégia de desenvolvimento do concelho?Foi um duro golpe em termos sociais. Era o maior empregador da região e lançou uma série de pessoas para o desemprego. Mas em termos estratégicos a Opel não tinha importância significativa. Era uma linha de montagem. As coisas vinham feitas de Espanha e eram aqui montadas. Não havia um circuito de indústrias subsidiárias muito significativo que entrasse em colapso com o fecho da Opel. Já se criaram mais postos de trabalho desde que a Opel fechou do que aqueles que se perderam. E estão a criar-se. Como se pode ver quando se passa pela zona industrial. E a deslocalização do aeroporto?A deslocalização do aeroporto é outra história. Isso era uma estrutura da qual dependia a estratégica do concelho de Azambuja e de uma generalidade de concelhos aqui à volta. Esse facto obrigou-nos a reformular a estratégia de desenvolvimento do concelho. Por isso exigem as 16 medidas compensatórias…Aquilo que posso adiantar é que uma das propostas diz respeito à rede viária. Particulamente à Estrada Nacional 3, à EN 366 e ao IC2. Não chegámos a acordo relativamente ao tipo de intervenção a fazer na Estrada Nacional 3. Vamos exigir uma intervenção a fundo entre Azambuja e Carregado. É uma marca negativa… É uma marca negativa. É um travão ao desenvolvimento. É um matadouro de gente. E tem um projecto que já foi aprovado pelo senhor secretário de Estado e pelas Estradas de Portugal. A Câmara de Azambuja já executou quase por sua conta três infra-estruturas - rotundas nascente e poente, Casais de Britos e vai iniciar-se uma outra. É um projecto que já tornaram público…Consiste na duplicação da via na EN3. Já conversámos com os promotores industriais e estão disponíveis. Faltam duas rotundas. Uma na confluência da Modis com uma nova infra-estrutura. Já tem projecto e financiamento garantido. Só não tem a aprovação da Estradas de Portugal. A instituição que devia fazê-la, não a faz e ainda chateia quem quer fazer com pormenores de projecto completamente irrelevantes. Uma segunda rotunda será construída na zona da Siva. À entrada de Vila Nova da Rainha será a Estradas de Portugal a avançar. Para a ligação da variante Vila Nova da Rainha – Carregado.Para reduzir a sinistralidade a câmara pediu aos empresários a criação de uma estrada paralela à EN3 como contrapartida dos licenciamentos.Falta fazer um troço dessa estrada. Vai servir como alternativa para todos os que usam a logística do lado direito. Vamos fazer os licenciamentos de forma a que seja mais favorável fazerem o trânsito pela alternativa evitando a Nacional 3.Outro dos projectos que vai mexer com o concelho é o TGV.A questão coloca-se a três níveis. Será necessário num país com a dimensão do nosso fazer uma linha de TGV entre Lisboa e o Porto? Não tenho conhecimentos suficientes sobre a matéria para emitir opinião, mas admito que para um leigo isso seja muito estranho. Nós conseguimos uma coisa importante: vamos ter uma estação de TGV entre as Quebradas e a Asseisseira na confluência do concelho de Azambuja com o concelho de Rio Maior. A terceira questão tem que ver com as medidas restritivas que já estão em vigor. Vão afectar muito o concelho?Vão causar-nos alguns transtornos. Neste momento temos medidas restritivas que abrangem o concelho de Norte a Sul numa faixa de 400 metros. Não atingem directamente populações, mas afectam-nos um loteamento industrial que já tem licença paga a norte da CLC e direitos adquiridos. E afecta também o projecto de campos de golfe que está a ser desenvolvido em Alcoentre e Manique do Intendente. No primeiro caso terá que haver uma negociação entre promotor e a Refer. No segundo caso tem que haver um arranjo do projecto já que não há direitos adquiridos. Duvida do projecto?A descrição que tenho do projecto é de tal forma estonteante que tenho algumas dúvidas sobre a sua viabilidade. O que sei é que o TGV passa por cima do nó do Carregado, num viaduto a dezenas de metros de altura e depois atravessa a várzea de Vila Nova da Rainha numa altura louca. Ainda que do ponto de vista da engenharia tudo seja possível não sei se os custos justificarão essa situação. Herdou uma tradição logística. É difícil libertar-se dessa marca?Não encaro a logística como um mal. O grupo Sonae decidiu fazer aqui o centro de distribuição. As pessoas têm a ideia de que a logística é uma fila de carregadores com caixas de madeira às costas. Não é nada disso. A logística foi uma das actividades que do ponto de vista tecnológico mais evoluiu. A última unidade que se instalou no concelho empregou 25 licenciados. Andam todos os municípios a guerrear-se por uma plataforma logística e nós achamos que somos bons demais para isso? Lembre-se da guerra que a presidente de Vila Franca de Xira teve com o Governo para conseguir a plataforma logística em plena área de leito de cheia… Quero promover a logística, mas quero diversificar. Até para não ficar dependente de um só tipo de actividade.

Mais Notícias

    A carregar...