Prometem distinguir o vinho do Ribatejo de entre todas as bebidas e bebê-lo com moderação. Comprometem-se a honrá-lo, divulgando as suas qualidades em todos os locais e circunstâncias, no país e no estrangeiro. Doze novos elementos foram entronizados, domingo, confrades da Confraria Enófila de Nossa Senhora do Tejo, no seguimento da realização do seu XV capítulo geral, realizado nos Paços do Concelho de Santarém. “Sim, meu presidente”, vão respondendo homens e mulheres em coro a João Sardinha Cruz, enólogo, mestre-de-cerimónias, durante o juramento de fidelidade próprio da entronização. Que riposta: “Que nossa Senhora do Tejo vos ajude em tão nobre missão”. Com o vinho Quinta dos Penegrais, tinto do Ribatejo, casta Alicante Bouschet 2006, premiado com Medalha de Excelência no Concurso de Vinhos Engarrafados do Ribatejo 2008, foi selado o juramento. Enchida a tamboladeira (pequena taça) presa ao cordão branco que os confrades noviços envergam ao pescoço, colocado pelo historiador e confrade Joaquim Veríssímo Serrão, o grão-mestre da Confraria, Pedro Castro Rego, impôs em cada novo confrade o chapéu preto próprio do traje.São sobretudo gestores, médicos, advogados, enólogos e responsáveis ligados a casas agrícolas da região que entram para a confraria como noviços, durante um ano. O cordão branco é disso sinal. Se tudo correr bem serão propostos a confrades de ordem e verde será a cor do cordão. A distinção é feita pelo vice-presidente da Câmara de Santarém, Ramiro Matos, que também foi entronizado na confraria.Diogo Campilho e Renata Abreu baixam consideravelmente a média de idades dos novos confrades. Com 28 anos, Diogo Campilho é enólogo na Quinta da Lagoalva, em Alpiarça. “Acabei de ser confrade há meia hora mas sei que ser amante do vinho do Ribatejo é condição essencial. Além de ser «bom vivant» e levar o nome do vinho além fronteiras, em deslocações profissionais e de lazer”, refere o enólogo. Renata Abreu, 33 anos, é directora comercial da Quinta da Alorna, Almeirim, desde 2004. Foi convidada por uma colega comercial da quinta do Casal Branco, que também é confrade. “Tem de haver uma ligação grande ao vinho. Penso que fui proposta por trabalhar na área dos vinhos há alguns anos na Quinta da Alorna. Mas defendo a totalidade dos vinhos da região e sou uma escalabitana de gema”, confessa.Com laços familiares ou profissionais ligados à região foram ainda entronizados confrades João de Almeida Baptista (veterinário, Cartaxo), Ricardo Charters d’Azevedo, António da Costa Cabral (advogado, Tomar), Jorge Carpinteyro Espinosa (gestor, México), Ana Gaspar da Costa (directora Quinta Cavalinho, Tomar), Dom Pedro do Valle e de Castro (produtor, Tomar), Francisco Madureira Salgueiro (produtor, Tomar), Paulo Vieira Graça (médico, Sardoal) e Maria Teresa Batista (coordenadora serviços administrativos CVRR, Santarém). Foram ainda promovidos sete confrades noviços a confrades de ordem.No final do capítulo não se esqueceu a homenagem póstuma a três figuras do Ribatejo ligadas a casas agrícolas e à produção de vinho, na valorização daquele produto de excepção. É o caso de António José da Veiga Teixeira, de Coruche, Luís Manuel da Costa Cardoso de Meneses, conhecido como “Luís de Margaride”, de Almeirim, e Rogério Camilo Ribeiro, do Cartaxo. A Confraria Enófila de Nossa Senhora do Tejo completou dia 24 oito anos de existência. É uma entidade de direito privado, cujo objecto é o estudo, promoção e valorização dos vinhos e produtos vínicos do Ribatejo. Tem como patrono Nossa Senhora do Cacho. O traje da confraria é composto por uma capa, chapéu e pela insígnia, suportada ao pescoço por fitas de cores diferentes, de acordo com a categoria dos confrades entronizados. Verde e encarnada para confrades fundadores, encarnada para confrades de mérito e confrades protectores, verde para confrades de ordem, além do confrade noviço com fita branca.