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O vendedor que gosta de tomar o pulso ao cliente

António de Sousa percorre a região na angariação de novos compradores, visitas a clientes e assistências técnicas

O dia a dia do vendedor mede-se em quilómetros. O trabalho é cansativo mas há sempre um sorriso nos lábios e a palavra na ponta da língua. “Adoro comunicar com as pessoas, às vezes até acho que falo demais”.

O curso de economia foi esquecido quando falhou a entrada na universidade por apenas duas décimas. António de Sousa nunca mais tentou ingressar num curso superior e preferiu entrar no mundo do trabalho, sempre na área das máquinas agrícolas. O serviço militar chamou-o quando vendia motocultivadores para uma empresa de Ourém, cidade onde reside e sede da empresa familiar para a qual trabalha. Aos 22 anos, quando saiu da tropa, ingressou na Somosel, empresa de máquinas agrícolas e industriais, fundada há 40 anos pelos seus sogros. Francisco Faria tem 74 anos e ainda se mantém no activo, estando à frente do negócio na área agrícola. Assim como a esposa, que quase com 70 anos orienta toda a parte de escritório. António de Sousa louva o desempenho dos sogros, que considera como exemplos de garra e vontade. “A primeira actividade do meu sogro foi ligada ao ciclismo, à reparação de bicicletas mas a concorrência obrigou-o a diversificar a actividade para a venda e reparação de máquinas agrícolas, abandonando as duas rodas”, diz António de Sousa que, quando entrou no negócio, impulsionou a área comercial da empresa. Hoje as vendas representam 50 por cento da sua facturação.A profissão de vendedor pode ser desgastante mas António de Sousa só vê vantagens no facto de não passar o dia fechado entre quatro paredes. “A liberdade de movimentos é uma das coisas que mais me seduz no meu trabalho”, afiança. Não há dia em que não pegue no volante e calcorreie a região visitando clientes. O negócio já viu melhores dias, principalmente no sector das máquinas agrícolas, com o abandono progressivo do cultivo das terras.O segredo para manter a actividade é gerir os clientes habituais, alguns com quase tantos anos de actividade como os da empresa. O que vier a mais vem por acréscimo. No sector agrícola a assistência técnica das máquinas ganha cada vez mais peso, enquanto no ramo da maquinaria industrial continuam a surgir novos clientes, nomeadamente empresas ligadas aos artefactos de cimento, madeira, metalomecânica e ramo automóvel. “As empresas não trabalham sem máquinas e alguém tem de as vender”, diz António de Sousa, que tem os principais clientes nos concelhos de Ourém e Torres Novas.Cativar o cliente é meio caminho andado para se fazer negócio. Não basta chegar e apresentar o produto. A venda é muitas vezes feita depois de longas conversas com o cliente. É a parte que o vendedor mais gosta. “Adoro conversar, tomar o pulso ao cliente”, diz, adiantando que é a compra é muitas vez feita só depois da segunda ou terceira visita. “É fundamental ir acompanhando o potencial cliente até à decisão final de compra, porque o mercado é vasto e muito concorrencial. Vou visitar um potencial cliente e explicar-lhe o funcionamento e as vantagens de um equipamento quantas vezes forem precisas”, salienta António de Sousa, adiantando não ser capaz de “impingir” uma máquina na qual o cliente tem dúvidas. “A honestidade e seriedade são essenciais neste negócio”. Tenta sempre fazer as visitas de modo a almoçar em casa, com a família, porque o que mais detesta é comer sozinho. Mas há dias em que isso é impossível. Durante a semana visita muitos clientes fora do horário normal, muitas vezes já de noite cerrada. “É quando os clientes têm mais disponibilidade”, diz, adiantando que longe de isso ser um sacrifício, é um gosto. “Às vezes até perco a noção às horas, porque a conversa é interessante e estica-se para outros assuntos”.Nunca janta antes das 21h30 mas mesmo que a mulher e os filhos já tenham comido gosta de os ter junto dele. E o fim-de-semana é sagrado a não ser que aconteça algum imprevisto. António aproveita os dois dias de descanso para se dedicar ao seu hobbie – o cultivo da vinha e, na altura indicada, a produção de vinho.

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