Como define o perfil do público do museu?O museu tem cativado o interesse de pessoas de todos os quadrantes sociais e de formações diferentes. Há registos e temos verificado que vêm pessoas de muitos lados do país, desde professores universitários a pessoas com a quarta classe e que são comerciantes. O perfil do visitante do museu é o visitante com interesse cultural, não são espaços que as pessoas ocupem por natureza da sobrevivência, mas de elaboração intelectual. As pessoas não se cruzam com os museus como se cruzam com os supermercados por necessidade de sobrevivência. Trata-se já de um outro plano de existência, o de querer melhorar os seus conhecimentos e de querer alimentar o espírito que é uma coisa que já não há tanto dentro dos centros comerciais ou dos hipermercados.O número de visitantes é importante?Um museu existe para comunicar com o público, mas não se vê apenas pelo número vê-se também pela qualidade desse número. Aqueles que vêm sentem que o museu é muito útil e isso também é necessário avaliar e não apenas a quantidade. Mas se tiver cinco visitantes por mês não resulta…Isso seria catastrófico. Todos as instituições que têm as portas abertas ao público têm que fazer uma avaliação do número de visitantes. Mas há muitos museus a fazer o pino para terem mais pessoas mesmo que essas pessoas não estejam lá porque querem estar. Começa a haver uma obsessão com o número de visitantes e não tanto com o sentido de receptividade e eficácia perante o que o museu está a dar. Colocar pessoas à força chamando com motivação que não é o museu para colocar pessoas cá dentro é algo perverso. As pessoas não entram no museu para comprar roupa. Não podemos ter no museu outro tipo de conteúdos. À semelhança do que fazem certos jornais ou revistas. Qualquer dia os museus estão a embalar nesse mesmo projecto e tenho algum receio.