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Quem tem amor a seu jeito deve ir ver Mariza com uma rosa ao peito

Concerto na Monumental Celestino Graça em Santarém, sábado, dia 21, para apresentar o CD “Terra”

Mariza apresenta “Terra”, o seu quarto CD de originais em Santarém e garante que o espectáculo da Monumental Celestino Graça será igual ao que apresentará em todas as salas do mundo por onde irá passar nos próximos meses. Quem quiser compreender melhor o novo trabalho da fadista tem que juntar ao concerto uma audição do disco. No palco não vão estar todos os músicos que estiveram em estúdio, como o guitarrista de Sting, Dominic Miller, ou o brasileio Ivan Lins. E só no CD é possível escutar Chuchu Valdês a tocar um vira ou os duetos da cantora com Tito Paris e Concha Buika.“Quem tem, quem temAmor a seu jeitoColha a rosa brancaPonha a rosa ao peito”In “Rosa branca” (José de Jesus Guimarães/Resende Dias), fado promocional do CD “Terra” (Pode ouvir o tema completo em www.omirante.pt)

Vai ter artistas convidados no espectáculo de Santarém, nomeadamente alguns dos que participaram na gravação do disco?Podia ter convidados mas não vou ter. Não poderia ter os convidados em toda a digressão e eu quero apresentar em Santarém exactamente o que vou apresentar em todas as salas do mundo. Quem quiser conhecer tudo deste seu quarto álbum de originais vai ter que ver o espectáculo e comprar o CD. É sempre assim. O trabalho em estúdio é sempre diferente do trabalho em palco. No disco canto com o Tito Paris uma morna do B.Leza. Com a Concha Buika que tem uma história de vida muito parecida com a minha. Eu nasci em Moçambique mas vim aos três anos para Portugal. Ela nasceu na Guiné Equatorial e é espanhola. E há vários músicos também no disco que não vão comigo fazer a digressão. Tenho o Chucho Valdez a tocar um vira. O Dominic (guitarrista de Sting) que faz alguns solos e que escreveu um tema…Faz o primeiro concerto da digressão “Terra 2008” em Santarém por algum motivo especial?Por motivos muito simples. Porque, que eu me recorde, nunca cantei em Santarém e quero ter contacto com esse público. E porque é uma cidade que permite a muita gente de Lisboa ir ao concerto. Sair uma noite para um ambiente diferente. Antes de Santarém fiz uma apresentação mais restrita, para a imprensa, em Lisboa (segunda-feira, dia 16, na Culturgest). Desta vez parto da minha terra para o mundo, ao contrário do que era habitual. Geralmente apresentava primeiro o disco em Madrid, Paris, Nova Iorque e vinha andando até Portugal. É também a primeira vez que canta numa praça de touros? Parece-me que sim. Não me recordo de alguma vez ter cantado numa praça de touros. Mas eu não vou olhar para o espaço como uma praça de touros. Não há qualquer ligação deste trabalho e deste espectáculo à tauromaquia.Gosta de touradas?Antigamente havia uma certa ligação do fado e dos fadistas às touradas. Comigo isso não acontece.É anti-touradas?Há coisas nas touradas que me chocam. Há coisas de que gosto. Gosto de forcados, por exemplo. Acho interessante. O homem que enfrenta o animal. Mas nunca vi uma tourada até ao fim. Nunca prestei muita atenção. Nunca fui ligada à tauromaquia. Não posso falar de algo que não conheço bem.Um espectador que tenha estado no Palácio da Música, em Valência, no meio de uma plateia VIP de convidados do Banco Privado Português, como aconteceu em Maio, consegue ouvi-la melhor que um espectador na Praça de Touros de Santarém. E para si, quais são as diferenças? É a mesma coisa cantar numa colectividade, como fazia no princípio da carreira ou numa grande sala ou espaço? Continua a ser igual. Quando se canta numa sala para 13 mil pessoas ou num festival para 32 mil utiliza-se outro equipamento, o que muda são os equipamentos. Mas a minha forma de estar, de cantar, de sentir, é a mesma. Eu faço tudo para que as pessoas encolham um bocadinho o espaço, para que o concerto seja mais intimista. Obviamente não é igual a estar numa taberna mas eu quero sempre essa sensação de proximidade e tento criar alguma intimidade. Num espectáculo no Coliseu dos Recreios em Lisboa, arriscou cantar sem microfone no meio da sala. Fez-se um silêncio de quatro mil almas… Estar próxima das pessoas, descer e cantar sem microfone, passear um pouco pela plateia e olhar a cara das pessoas. Eu gosto muito disso, mas obviamente que muita coisa mudou. Eu já não estou a cantar na taberna dos meus pais.Que “Terra” é esta do seu CD?É a minha terra de sempre, Portugal. Por mais caminhos que percorra a minha base é sempre esta. A minha terra. Eu sou como uma caravela que sai de Portugal para o mundo. Para levar a nossa cultura. É sempre com enorme orgulho que eu, de alguma forma, sirvo como veículo da cultura portuguesa. Da língua portuguesa. Da música portuguesa. Que tento mostrar a outros povos o que é a nossa cultura. O que é a nossa história. O que somos nós, portugueses. Mas quando regressa vem carregada de outras gentes, vozes e culturas, como as antigas naus dos descobrimentos. Este seu disco tem fado com travo de morna, flamenco, jazz, folclore…Nas viagens de uma tournée de sete anos que acabou há sete meses, encontrei outras culturas, outras músicas, outras vozes, outros sons, outras gentes. Tendo eu os pés muito assentes na minha terra, o que quis mostrar neste disco foi algo que recebi e que enriqueceu a pessoa que eu era sem lhe mudar o essencial. As minhas raízes continuam aqui. A minha forma de cantar continua a mesma. Os grandes poetas portugueses continuam neste disco. Os bons compositores portugueses continuam aqui. Mas há mais qualquer coisa que achei interessante mostrar.Canta neste disco um poema da Florberla Espanca “Vozes do Mar”, em que a certa altura ela pergunta ao mar: “Tu também tens receios?”. Quais são os seus receios?Tenho receios como qualquer outra pessoa. De falhar. De não poder continuar. De perder o que tenho. Esses receios que toda a gente tem. Eu sou humana. Mas tenho uma certeza. O caminho que estou a percorrer é um caminho de verdade. Não escolhi isto. Não previ que isto tudo ia acontecer. Mas faço-o com a maior sinceridade. Com toda a verdade. Quando as pessoas tiram um bocadinho do seu tempo para escutar a minha música, eu tenho que lhes dar tudo aquilo que tenho. Quero fazer o melhor que sei. Dar o máximo. Cada concerto pode ser o último concerto da minha vida.“Já me deixou foi-se emboraA saudade a que chamei malditaJá nos meus olhos não choraJá nos meus sonhos não grita (…)”In: “Já me deixou” Tema que abre o CD “Terra” da autoria de Artur Ribeiro e Max

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