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Há mais mulheres a dar sangue do que homens e é o chamado sexo forte que tem mais medo de agulhas

Mário Gomes, presidente do Grupo de Dadores de Sangue de Pernes diz que as populações rurais são mais generosas

A primeira vez que deu sangue foi na tropa e por interesse. Só voltou a dar muito mais tarde mas dessa vez desinteressadamente. Ganhou consciência da importância do seu gesto e decidiu juntar boas vontades. O grupo de dadores que lidera tem oitocentos membros. Mário Gomes é um exemplo de cidadania.

Quando deu sangue a primeira vez? Foi em Pernes?Não. As primeiras duas vezes foram quando estava na tropa em Leiria. Foi em 1972.Por altruísmo ou para gozar os cinco dias de licença que davam nessa altura aos militares?Não posso mentir. Confesso que foi para gozar a licença. Mas Deus castigou-me. Não gozei nenhuma das licenças a que tinha direito por ter mudado de unidade militar.Em Pernes não faziam recolhas de sangue?A primeira vez foi nos anos 90, que eu me lembre. Foi uma recolha promovida pelo sr. Joaquim Vítor Carvalho, que era dador em Santarém.Calculo que tenha sido o primeiro a oferecer-se?Nada disso. Acho que nesse dia não estava lá. Já se percebeu que a experiência da tropa não o tornou um viciado em dar sangue? Afinal como chegou a dador regular de sangue? Eu tinha uma casa de móveis em Pernes e tinha uma equipa de futebol de salão. O grupo de dadores de sangue de Alcanhões organizava torneios de futebol de salão e eu ia com a equipa. Por influência deles inscrevi-me no grupo e ainda dei lá sangue duas vezes. E a seguir formou também um grupo. É o caminho normal de todo o bairrista que se preze. Se Alcanhões tem um grupo, Pernes há-de ter um ainda maior…(Risos) Não foi assim. Um dia uma moça minha amiga, a Rosa Maria, irmã do maestro Santos Rosa, precisou de sangue para a mãe que estava internada no hospital de Santarém. Estávamos em 1996. Eu recorri ao grupo de Alcanhões. Nessa altura a pessoa que estava à frente, o Alberto Caria, perguntou-me porque não fazíamos um grupo em Pernes. Uns dias depois vim a Santarém e estava a decorrer uma recolha na Portela das Padeiras. Fiz os contactos necessários e disseram-me do Instituto Português do Sangue que vinham fazer a recolha se eu arranjasse um mínimo de 15 dadores.Meteu-se em brios e foi de porta em porta?A doutora Teresa D’Orey disse-me que tinham o dia 15 de Dezembro livre. Marquei logo e fui à procura de dadores. Quem me ajudou na mobilização foi a Rádio Pernes. E os bombeiros que cederam o espaço. Apareceram 32 pessoas. E assim nasceu o grupo.Mobilizou a família, os amigos…A minha mulher é enfermeira mas nunca deu sangue.Isso não é boa publicidade para o Presidente do Grupo de Dadores de Sangue de Pernes. Como diz o povo: “Em casa de ferreiro espeto de pau”. Os meus dois filhos também não dão, mas é por questões de saúde. Um deles chegou a dar quando estava no seminário.E a sua esposa? É só para o contrariar? Já tem dito que quando for na terra dela, dá. E na terra dela já há algum grupo?Já. Surgiu por iniciativa minha.É compreensível. O senhor está desejoso por vê-la entrar para o clube dos dadores. De onde é que ela é? É do Vale de Santiago, concelho de Odemira. Naquela zona do país não há muitos grupos de dadores. Como é que convenceu as gentes de lá?Foi em plena campanha eleitoral para as últimas eleições autárquicas. Fui a uma sessão do candidato do PS e lancei-lhe o repto. Ele estava a tentar ser reeleito. Disse-me que se ganhasse estava disponível para apoiar um grupo de dadores. No dia seguinte fui falar com o candidato da CDU. Nestas coisas mais vale prevenir que remediar. Mas ganhou o PS e a seguir às eleições lá estava eu a falar com o senhor.Ele cumpriu a promessa?Cumpriu sim senhor.Ainda dizem que os políticos não cumprem.Aquele cumpriu. Em nome do grupo de Pernes fui ter com o hospital de Beja. Eles foram recolher sangue duas vezes durante um ano a Vale de Santiago. A partir daí o grupo de lá ficou autónomo. Vai comemorar dois anos. Já faz recolhas em Odemira e noutras freguesias.O presidente da Junta cumpriu a promessa mas a sua esposa não.(risos) Ainda não.

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