Tirou curso de conservação e restauro mas acabou empresário da comunicação
Cansado da vida errante começou há dois anos a pensar seriamente em mudar o rumo da sua vida
O que faz um conservador de restauro à frente de uma empresa de comunicação e eventos? Ou será melhor colocar a pergunta ao contrário, já que João Paulo Pereira sempre quis seguir a área de comunicação? Qualquer que seja a resposta uma coisa é certa: não está arrependido das opções de vida que fez.
Em pequeno queria ser jogador de futebol mas há medida que foi crescendo as opções profissionais passaram a ser outras para o jovem que nasceu em Leiria, fez o secundário na Sertã e que acabou o seu percurso formativo em Tomar, cidade onde acabou por assentar arraiais. Depois do 12º ano, na altura de escolher um curso superior, João Paulo pôs a comunicação social nas quatro primeiras opções, deixando para último o curso de conservação e restauro. “Sempre gostei de jornalismo e de história e como o curso de conservação tinha várias cadeiras de história, decidi incluí-lo nas minhas opções à faculdade”. Em boa hora o fez já que, sem média suficiente para entrar em comunicação, foi aceite no curso de conservação e restauro do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). “Costumo dizer a brincar que o restauro apareceu na minha vida quase por acidente”, diz.Em 1996 chega ao IPT com uma ideia pré-definida: pedir transferência para outro curso, talvez história, no final do primeiro ano. Uma ideia que nunca chegou a concretizar. “Gostei realmente do curso de conservação e restauro”. As amizades que entretanto fez e o facto de se sentir bem numa cidade que já conhecia pesaram na decisão de seguir aquele curso até final, especializando-se na vertente do restauro de pedra. “Era o que mais me agradava e o que à partida tinha mais saída”.O primeiro trabalho que realizou, aquando do estágio profissional, foi no Convento de Cristo mas ainda bacharel trabalhou também a pedra do Palácio do Freixo, no Porto, e da Sé Nova de Coimbra. Apesar de a área da conservação e restauro ter bastante procura nem tudo são rosas. E João Paulo Pereira cansou-se da falta de estabilidade pessoal e profissional. “Para trabalhar regularmente tinha de correr o país com a casa às costas mas o mais preocupante, para um profissional do sector, é o facto de se trabalhar a recibos verdes”, refere, adiantando ser difícil garantir-se estabilidade laboral com trabalho precário.Cansado da vida errante começou há dois anos a pensar seriamente em mudar o rumo da sua vida. E o bichinho da comunicação voltou, ajudado pelo facto de a sua companheira ser jornalista. Ponderou os prós e os contras, pesou os riscos de iniciar uma carreira empresarial na área e decidiu ir em frente. A empresa de comunicação e eventos abriu apenas há dois meses, em Tomar. Dois meses de árduo trabalho, muita burocracia e muitos contactos que, segundo o empresário, estão agora a começar a dar frutos.“Cada vez mais as empresas têm necessidade de se dar a conhecer, de mostrarem os seus produtos, não só a nível local mas também a nível regional e nacional e nós servimos de elo de ligação entre a empresa e o cliente ou consumidor final”, diz o empresário. Que conhece bem os riscos de abrir uma empresa do género fora de Lisboa ou Porto, onde já existem centenas. João Paulo está no entanto confiante. “O mercado é cada vez mais global e as empresas sedeadas fora dos grandes centros têm de entender que não podem continuar a perder oportunidades de negócio porque ninguém as conhece nem sabe o que fazem”. Investir na comunicação é uma aposta com retorno certo, garante o empresário.Além da comunicação empresarial e de iniciativas mais institucionais, como organização de colóquios, seminários e conferências, João Paulo aposta também nos eventos, desde casamentos a baptizados, passando por iniciativas de lazer e bem estar para funcionários de empresas e grupos de amigos, tendo já feito parcerias com diversos restaurantes, casas de turismo rural e empresas que trabalham na área do bem estar. “Estou a adorar este trabalho e para já não faz parte dos meus planos voltar ao restauro”, garante o jovem que deixou a pedra para trabalhar em comunicação.
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