uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Etelvino, nome de bandarilheiro

Tem 84 anos. Pose altiva. Que um toureiro nunca esquece a arte. Olhos azuis profundos, escondidos por detrás de uns óculos escurecidos pelo sol e uma voz rouca e forte que de vez em quando se agarra ao castelhano.Etelvino Laureano foi senhor na arena, cortou orelhas em Espanha e foi no país vizinho que um Pablo Romero malhado lhe talhou o caminho: em 1948. Tinha 24 anos e sofreu a colhida que o atirou para a mesa de operações da enfermaria da praça de toiros de Madrid e lhe tirou “valor” para prosseguir o sonho de se tornar matador. Fala da colhida de um matador mexicano em Vila Viçosa como se falasse da sua. Aconteceu um ano antes e deixou-lhe marcas para sempre. Confortou-se no campo de Azambuja. Entre as vinhas. Saltava para a arena em tardes de corrida. Como bandarilheiro. Perdeu a “moral” para enfrentar o toiro de caras, diz o homem que em termos dominou a arte e a técnica. Aprendeu no sector 1 do Campo Pequeno. Quando partiu para a capital para aprender o ofício de bate chapas. Foi taxista em Lisboa, mas o bulício da capital fê-lo regressar à Azambuja do coração que o acolheu aos seis anos. Manulete é a figura do toureiro que elege. Cumprimenta as senhoras com deferência, própria de uma tradição marialva, mas trata as mulheres por igual. Fala de Conchita Citron – considerada uma das maiores cavaleiras do mundo - com admiração. A mesma que utiliza para pronunciar o nome de mestre Arruza e mostrar que “elas” não são bem recebidas na arena por alguns puritanos. Nasceu a 2 de Maio. Tem o toiro no signo do Zodíaco. Foi novilheiro, bandarilheiro, director de corridas. Mora na Quinta Curral do Boi. Seis quilómetros e meio entre a casa e o edifício da câmara municipal, contabiliza. A muitas décadas da tarde negra em que esteve mano a mano com o toiro que lhe revirou o corpo e o sonho.

Mais Notícias

    A carregar...