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Tradição cumprida na Bênção do Gado

Desfile de trabalhadores e empresas agrícolas em Riachos estendeu-se a outras associações

Organização estima que 20 mil pessoas tenham assistido ao cortejo.

Milhares de pessoas trocaram este domingo um dia de praia pelo Cortejo da Bênção do Gado em Riachos, concelho de Torres Novas. No ponto alto da festa que decorreu entre 17 e 27 de Julho, o público foi para a rua que atravessa a vila ribatejana e disputou espaço palmo a palmo para ver o desfile de cerca de 120 carros alegóricos onde se recriaram hábitos e tradições locais. Em frente à igreja de Santo António cada viatura foi benzida pelo pároco local. Grande parte roga para que o ano seja rico e fértil, sem secas ou cheias, mas o padre lembra que a bênção divina é para louvar a Deus e não para “dar sorte”.Desde a partida, junto à fábrica do álcool, até à igreja matriz de Riachos, o cortejo constrói a história da vila e do trabalho no campo. Da junta de bois que puxa o arado e do jogo de cabrestos conduzido por campinos, aos tractores das primeiras décadas do século XX, passando pelas mais modernas alfaias e ceifeiras. Mães e filhas amassam pão para o forno a lenha. O ferreiro molda o ferro em brasa. Vende-se a fruta, os legumes, o gado vivo. Faz-se a desfolhada do milho, amassa-se a azeitona e a uva, bebe-se na tasca e dorme-se a sesta. As casas ao longo do cortejo estão engalanadas. Cestos de verga, rodas de carroças, ramos de palmeira, arados, sementeiras e produtos de terra são alguns dos adereços que combinam com o cenário etnográfico do desfile. A festa, e em particular o cortejo, é de novos e velhos, de homens e mulheres. Auto-designados de “Terrores do Tejo”, oito homens e seis senhoras abancaram junto a uma rotunda na zona do lagar novo. Duas carrinhas de caixa aberta unidas servem de plataforma de primeiro piso. Folhas de eucalipto tapam o sol e a mesa está posta. “É servido?”, pergunta um dos comensais com uma travessa de pastéis de bacalhau na mão. Há cerveja e vinho na geleira e uma mesa farta com enchidos e outros petiscos. “Ainda não estamos cá todos”, conta uma parceira do festim, acrescentando que é hábito juntarem-se para ver o cortejo da Bênção do Gado.Um pouco ao lado, Nuno tem dificuldade em controlar o útil chapéu-de-sol. Está sentado numa cadeira de praia com Laura, que veio de França conhecer o ambiente da festa e do cortejo. “Costumo vir ao cortejo pela tradição. É uma festa boa no dia do cortejo mas também pelos toiros, concertos e pela convivência com as pessoas”, conta Nuno. Laura confessa que o cortejo e a festa têm muito de diferente em relação a França. “É muito típica”, acrescenta.Sob sol escaldante o cortejo dura cerca de duas horas. Quanto mais se entra pelo centro da vila mais o público se apinha em torno do alcatrão. Todos querem presenciar e registar o momento, em fotografia e em filme.

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