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Uma mente brilhante e uma simpatia contagiante

Elvira Fortunato confessa ser teimosa, exigente e uma boa cozinheira
Tem raízes ribatejanas a mulher que nas últimas semanas se tornou centro das atenções da comunicação social a nível nacional e internacional. Uma descoberta científica feita em Portugal colocou na ribalta Elvira Fortunato, 44 anos, licenciada e doutorada em Engenharia dos Materiais. Fez dela uma estrela, como diz a filha Catarina. Elvira nasceu em Almada, filha de um casal oriundo da aldeia de Louriceira, concelho de Alcanena. O pai, já falecido, era empregado de balcão. A mãe doméstica. Vai à Louriceira com frequência rever familiares e amigos. Era ali que passava boa parte das férias de Verão na sua infância e juventude, entre passeios pelo mato e mergulhos no Alviela. Era ali que estava no sábado, 26 de Julho, quando foi convidada para dar a sua primeira entrevista televisiva.Sexta-feira, 8 de Agosto. Às 11h00 em ponto Elvira Fortunato surge à porta das instalações do Centro de Investigação de Materiais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, na Caparica (Almada), onde entrou em 1982 como aluna e onde continuou como professora e investigadora. Essa era a hora combinada para a entrevista que se disponibilizou a dar a O MIRANTE. A cientista manda-nos subir com a sua simpatia irradiante e precede-nos com o seu passo de formiguinha acelerada. Veste descontraidamente um vestido alegre onde predomina o amarelo. Esse é o dia em que vai partir finalmente de férias até Vila Real de Santo António, depois de duas semanas alucinantes em que se desdobrou em entrevistas. De um dia para o outro, Elvira Fortunato tornou-se famosa para lá do restrito mundo académico e científico. O seu nome andou na boca do mundo e nas penas de reputados opinadores. Em blogues na Internet chamaram-lhe o “Cristiano Ronaldo da ciência”. Porquê? Porque a equipa que coordena produziu o primeiro transístor em papel. Porque Elvira foi a galardoada na área de Engenharia do European Research Council, recebendo um prémio de 2,25 milhões de euros pela investigação no âmbito da electrónica transparente. Um valor que vai reinvestir em busca de novas descobertas.Elvira Fortunato abre as portas do seu mundo aos repórteres de O MIRANTE. Sem pressas. Faz questão de mostrar o seu gabinete de trabalho. Um espaço que começa a ficar pequeno para tantas pastas e dossiês. A filha está a jogar no computador. O marido, Rodrigo Martins, outro cientista reputado na área da Engenharia dos Materiais, acompanha-nos. Veste t-shirt, calças de ganga e chinelos. Não engana: as férias começam dentro de momentos. Pouco tempo depois de nos mostrarem os laboratórios, os reactores, os microscópios e outros maravilhosos aparelhos que proporcionam não menos fantásticas descobertas.Convive-se com a simplicidade desarmante de Elvira Fortunato e vê-se um exemplo de dedicação e de profissionalismo. Um bálsamo para a nossa auto-estima. A cientista tem consciência da responsabilidade que daí advém, orgulha-se dos seus feitos e confessa que é uma mulher teimosa, persistente, exigente, competitiva. E não é de falsas modéstias. Mostra-nos fotografias da homenagem que recebeu da Câmara Municipal de Almada e de uma visita feita à universidade pelo Presidente da República, Cavaco Silva, que recentemente lhe enviou um cartão de felicitações. Um reconhecimento merecido para quem que quer continuar a trabalhar em Portugal porque adora o seu país e a sua família. Quando soube que tinha ganho um prémio tão importante não abriu uma garrafa de champanhe. Mas brindou com vinho tinto, provavelmente com o investigador Rodrigo Martins, marido e chefe no Departamento de Ciências dos Materiais.Apreciadora de boa gastronomia, Elvira Fortunato pede opiniões sobre restaurantes ribatejanos, pergunta onde se pode comer bem em Santarém. Cozinhar é um dos seus passatempos predilectos, a par da leitura, do cinema e da praia. Da cozinha ribatejana aprecia morcelas de arroz, molhinhos… E adora os universais caracóis.

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