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O trombone do farmacêutico e o clarinete do estudante

O trombone do farmacêutico e o clarinete do estudante

Integração permanente de jovens explica longevidade da banda

António Tição e Amir Costa Hamido são dois músicos dedicados de diferentes gerações ao serviço da Sociedade de Instrução Coruchense. A música deles vai ouvir-se durante toda a festa.

“Fom, fom, fom! Tiru, ruri, ruri!” Lado a lado o trombone de varas, de som grave e impetuoso, e o clarinete, discreto mas incisivo com acordes mais agudos. A experiência de António Tição e o empenho de Amir Costa Hamido. O farmacêutico da vila, de 53 anos, é um veterano da banda da Sociedade de Instrução Coruche (SIC). Ao lado um jovem de 12 anos, que resolveu partir à descoberta da música. São o presente e o futuro da popular e centenária colectividade.É altura das festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo e a ansiedade e vontade de actuar em público é maior. O último ensaio da banda foi há uma semana na velhinha sede da SIC, na rua da Música, em pleno centro histórico de Coruche. “Aqui na SIC existe um grande clima de amizade, de ajuda mútua, entre os adolescentes e os mais velhos. É o primeiro ano em que toco nas festas e acho que vai ser um ambiente com muita diversão”, conta Amir, que tem a música como hobby.Amir foi influenciado pelo irmão que tocava saxofone soprano. Participou numa master class, uma espécie de curso intensivo em dois ou três dias para apurar novos talentos, e ficou. Estava a zero, instrumentalmente falando, mas agarrou a oportunidade. E desde sempre com o clarinete. “Fiquei cativado pelo som que produz”, justifica. Aprendeu o solfejo e passados dois meses passou finalmente à parte instrumental. Além do clarinete, agrada-lhe a percussão, e até já pediu ao pai que lhe comprasse uma bateria.Estudante do oitavo ano na Escola Secundária de Coruche, Amir, não pensa em ser músico profissional. Diverte-se a tocar as marchas e os passos dobles do repertório. Fora da banda ouve outras coisas. A voz suave de Susana Félix, a irreverência de Gabriel O Pensador, o poder vocal de Barry White, ou o virtuosismo instrumental de Maceo Parker. No tempo livre que lhe fica dos estudos e da música pratica natação na escola da associação Os Búzios. Se tiver oportunidade também irá para o basquetebol. António Tição, farmacêutico na vila, tem quase tantos anos de banda como de vida. Pelo aniversário da associação – nascida a 9 de Abril de 1896 - recebeu o diploma de 40 anos de músico. Para as festas e a SIC reservou uma semana de férias.Antes de cumprir o serviço militar tocava trompa. Depois dedicou-se ao trombone de varas que nunca mais largou. “Era o instrumento mais necessário nessa altura e havia falta de gente para tocá-lo. É preciso muito exercício, é talvez dos instrumentos que mais perícia exige. Fazer afinações de ouvido e ir à procura da posição da vara, mais à frente ou atrás”, explica.Em miúdo sempre gostou de ouvir bandas filarmónicas. À medida que crescia também crescia o gosto por aquele tipo de música. Agora é um dos veteranos e tem viajado também para espalhar música por outros lugares. “Há anos fizemos uma viagem à Serra de S. Mamede, Portalegre, para actuar nas festas locais, num concerto à noite. Fomos de manhã, almoçámos lá e fizemos um mini-conjunto dentro do autocarro só para entreter. Quando reparámos estava uma série de pessoal a dançar do lado de fora”, conta com um sorriso. Como se não bastasse, no regresso da banda alguns elementos que se fartaram de tocar saxofone acabaram com os lábios inchados durante uma semana. Valeu-lhes o farmacêutico. Que diz querer viver o suficiente para assistir à abertura da nova sede da Sociedade.
O trombone do farmacêutico e o clarinete do estudante

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