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Veraneante Manuel Serra d’Aire

Parece que o maior fogo florestal deste Verão foi ateado por uma criança. Pelo menos é o que dizem as notícias. E a ser verdade mostra que, ao contrário do que é vulgar ouvir-se, a nossa juventude não é assim tão diferente da que a precedeu. Pelo menos a esse título podemos ficar descansados: há garantias de continuação de velhas e lusitanas tradições, de que a de pegar fogo às matas no Verão é uma das mais emblemáticas. Se conseguirem moldar o rapaz dentro desse espírito e ao mesmo tempo explicarem-lhe que há tradições e tradições e que, até para a sua saúde, é mais seguro, por exemplo, jogar dominó numa tasca do que andar a brincar com o fogo, quem sabe se não nasce dali um futuro apaixonado pelos nossos usos e costumes menos nefastos. É tudo uma questão de gosto e de escala…É um bocado como o que se passa em Santarém e em Tomar relativamente às obras que por lá andam. Até há uns meses, aqui d’el-rei que as câmaras não faziam nada e que o quotidiano daquelas urbes era mais monótono que uma partida de xadrez jogada por dois monges budistas. Agora, que é obras por tudo quanto é sítio, queixam-se das perturbações do trânsito, da poeirada, do muro que nasce junto ao Nabão, das camionetas que têm dificuldade em sair da gare de Santarém porque a estrada é apertada. Enfim, o que o pessoal queria era ter sol na eira e chuva no nabal. Mas isso só mesmo o presidente Moita Flores é que consegue fazer – ter sol na eira, que é continuar a comentar no programa da Fátima, e ter chuva no nabal, que é ter de aturar alguns nabos que andam pela Câmara de Santarém.Ao pé desses exorbitantes dilemas, a crise por que passam alguns dos clubes mais representativos da região passa despercebida a qualquer um. Mas confesso que para mim até foi um bálsamo a sua existência - a da crise, claro. Já começava a suspeitar que os clubes viviam do ar, da cumplicidade com forças ocultas, de financiamentos de máfias estrangeiras, de um primeiro prémio do Euromilhões e por aí fora... Afinal não: os clubes estavam mesmo tesos e começaram finalmente a dar o peido-mestre. Era realmente um mistério (e nalguns casos continua a ser) como é que conseguiam sobreviver equipas de futebol no distrital, com meia dúzia de sócios pagantes, sem receitas de bilheteira que se vissem e que pagavam aos atletas para jogar. Afinal bastou o fisco e a segurança social apertarem um bocadinho o garrote para ver que já não dá para andar a brincar aos futebóis. E que se essa malta gosta de dar uns chutos na bola não tem obrigatoriamente de ser paga para isso. Pelo contrário: alguns são tão aselhas que até deviam ressarcir o clube para poderem evidenciar os seus dotes e ainda por cima gastar gás no banho de água quente.Perante este triste estado de coisas só me resta enxugar as lágrimas e despedir-me com saudações desportivas doSerafim das Neves

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