
História da ponte começa com extinção da Comarca da Chamusca
João Joaquim Isidro dos Reis não descansou enquanto a obra não foi feita
A ponte só passou a ostentar o nome de quem mais lutou por ela em 1956 aquando da realização das primeiras obras de manutenção.
A história da ponte da Chamusca começa com a extinção da Comarca da Chamusca em 31 de Agosto de 1875. Na altura estava no poder o Partido Regenerador e era Primeiro-Ministro Fontes Pereira de Melo. Reinava em Portugal D. Luís I. João Joaquim Isidro dos Reis, que seria eleito deputado pela primeira vez em 1880, pelo partido Progressista, foi um dos que se insurgiram contra aquela decisão e ao longo de vários anos lutou para que a mesma fosse revogada. Acabou, influenciado pelo líder do seu partido, José Luciano de Castro, que foi Primeiro-Ministro por três vezes, por desistir da restauração da comarca, em troca de uma ponte que ligasse Chamusca e Golegã. Ao longo da sua vida foi um incansável defensor da concretização da mesma. A ponte acabaria por ser inaugurada em 1909, pelo rei D. Manuel II, de acordo com notícias da época. Mas foi só em 1956 que passou a ostentar a placa com o nome de João Joaquim Isidro dos Reis. A iniciativa foi de uma comissão que decidiu homenagear aquele filho ilustre da Chamusca, numa altura em que passavam 50 anos sobre o lançamento da primeira pedra, de uma obra que acabou por ser executada apenas entre 1908 e 1909. Na altura, 1956, foi ainda colocado um busto do homenageado no Parque Municipal da Chamusca, que ainda se encontra no local.João Joaquim Isidro dos Reis nasceu na Chamusca a 4 de Dezembro de 1849, cursou direito em Coimbra e foi várias vezes deputado. Por Tomar, Santarém e Golegã. Foi ainda governador-civil de Santarém. Todos os cargos políticos foram exercidos no tempo da Monarquia. Após a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, foi afastado da vida política e da função pública. Faleceu a 17 de Agosto de 1924 na sua Quinta dos Arneiros, Pinheiro Grande, estando sepultado num Jazigo de família no cemitério de Alto de S. João em Lisboa.A ponte João Joaquim Isidro dos Reis, sobre o rio Tejo, na Estrada Nacional 243, une a Chamusca e a Golegã. É um exemplar emblemático da construção em ferro, muito em voga no final do século XIX e no início do século XX. Tem uma extensão de 756 m. O tabuleiro é metálico, sendo a sua largura constante de perfil transversal e com duas faixas de rodagem. Os passeios subdividem-se em duas partes: a interior ao caixão, e inacessível aos peões, e a exterior à superstrutura, destinada à passagem de peões. Esta última feita em 1956 na altura em que a ponte sofreu obras de remodelação e foi pintada. Segundo um opúsculo eleitoral editado em 1910 e destinado a exaltar as qualidades do candidato João Joaquim Isidro dos Reis, que integrava uma coligação de vários partido, o projecto da ponte foi aprovado a 22 de Julho de 1899 pela Comissão de Obras Públicas da Câmara dos Pares. A construção foi adjudicada à companhia francesa Fives-Lille e arrancaria somente em 1908.Inicialmente estava previsto que a ponte fosse rodo-ferroviária mas o abandono do projecto de ligação ferroviária de Torres Novas à Golegã e o seu prolongamento até ao Pinhal Novo através da Chamusca, Alpiarça, Salvaterra e Benavente ditou que ficasse como ficou.Exposição de materiais da ponteA Câmara da Chamusca inaugura dia 31 de Outubro uma exposição relacionada com a construção da ponte João Joaquim Isidro dos Reis, no cine-teatro da vila. Alguns dos objectos a expor são cedidos pela neta do ilustre político que dedicou parte da sua vida a reivindicar a construção da ponte. Maria Aurora Isidro dos Reis tem na sua posse, entre muitas outras curiosidades, a pá de pedreiro utilizada quando do lançamento da Primeira Pedra daquela obra pública, em 1906. Na altura da inauguração da exposição será reposta pela Companhia de Teatro do Ribatejo a peça “O Grande Chamusquense” dedicada ao homenageado.

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