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De agricultor e sapateiro a grande empresário

De agricultor e sapateiro a grande empresário

Albano Mateus - Galardão Carreira Empresarial

Num país em que os empresários são muitas vezes acusados de não arriscar, Albano Mateus demonstrou precisamente o contrário. A sua vida é exemplar ao nível da conjugação de factores que são considerados essenciais para o mundo do negócio. Sentido de oportunidade, capacidade de previsão e risco.

Albano Mateus, o empresário galardoado com o prémio carreira empresarial, numa iniciativa de O MIRANTE e da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant, construiu um império a partir do nada. A aventura começou quando comprou uma mercearia no Entroncamento. Como não percebia do negócio ficou um tempo como sócio do dono do estabelecimento que o tinha para trespasse. Quando se tornou o único dono implementou novas regras, acabando com os pagamentos ao mês que na altura eram habituais. Quem comprava tinha que pagar logo. Em pouco tempo expandiu o negócio com mais seis supermercados. Chegou a ter 21 supermercados Mateus com mais de 300 funcionários. Acabou por vender a rede de lojas. Foi um ponto final numa paixão e para esquecer foi passar uns dias a Londres, Inglaterra. O olho para o negócio fixou-se numa feira de produtos descontinuados a baixo preço. Viu uma oportunidade de um novo negócio, compra cinco camiões de produtos e abre a rede de lojas Galinha Gorda. O presidente do Grupo Mateus foi diversificando a área de negócios para o imobiliário. Tem um hotel no Estoril. O centro comercial TorreShopping, em Torres Novas, é a imagem de marca do grupo e de Albano Mateus. Agora o empresário vindo de uma família humilde, filho de um sapateiro, está empenhado na construção de uma fábrica de papel em Vila Velha de Ródão, a primeira no país a ter uma ligação directa através de condutas a uma fábrica de pasta. Quem o conhece diz que tem olho para o negócio. É uma pessoa humilde de uma grande simplicidade, ao ponto de dizer que prefere ter uma grande empresa que uma empresa grande. Antes de se tornar um grande empresário, trabalhou na agricultura, logo a seguir a ter feito a instrução primária. Ceifou trigo no Alentejo, fez as vindimas no Ribatejo e andou na apanha da azeitona e do figo. Em Mogadouro, a aldeia do concelho de Ansião, onde nasceu há 65 anos, havia a tradição dos filhos seguirem a profissão dos pais e aprendeu a arte de sapateiro. O que lhe foi bastante útil quando foi para a guerra do Ultramar, em Angola, em 1965. Um dia lembrou-se de dizer ao comandante da companhia de caçadores de que fazia parte que gostava de arranjar os sapatos militares dos colegas porque achava que eram feios. O oficial deu-lhe a oportunidade e tornou-se o sapateiro do quartel. Depois da tropa foi emigrante em França onde chega a chefe de uma equipa de carpinteiros de cofragens. Farto da vida de emigrante regressa a Portugal e cumpre um desejo do pai, que sempre dizia que gostava que os filhos fossem funcionários públicos. Vai trabalhar para as oficinas do Exército no Entroncamento a fazer botas. Foi nesta altura que conheceu aquela que é a sua mulher e que lhe deu três filhos, que também trabalham no grupo empresarial. Albano Mateus não gosta de decidir investimentos sem conversar com os filhos, sem ter o acordo deles. Prefere esperar o tempo que for necessário para decidir um investimento. Não é pessoa de se precipitar. Segue a velha máxima de que a palavra vale mais que as assinaturas. Albano Mateus reconhece que é um homem com sorte, mas costuma dizer que é o muito trabalho que faz a sorte. Não gosta de estar parado. Nas horas livres aproveita para fazer caminhadas. No carro tem sempre uns sapatos de desporto prontos para fazer exercício quando tem tempo livre. Sempre foi uma pessoa muito poupada. Diz que o dinheiro serve para comprar o que é estritamente necessário, mas gosta de ajudar as colectividades e quem tem dificuldades sem fazer alarido disso. Um dia foi ver um jogo de hóquei em patins no Entroncamento. Os atletas andavam a jogar à chuva e naquele momento ofereceu-se para construir um pavilhão.Considera que o trabalho é tão necessário como ter saúde. O seu sonho é ter sempre forças para trabalhar. “Vou morrer a trabalhar”, perspectiva. Levanta-se cedo da cama, por volta das seis da manhã no Verão. Nunca se deita antes da meia-noite. Trabalha mais de 12 horas por dia. Para aliviar o stress prefere conviver com os amigos. Gosta de saber mais. Não sabia mexer em computadores e um dia decidiu pagar a um professor para ter aulas particulares de informática. Agora sabe enviar e-mails, navegar na internet.
De agricultor e sapateiro a grande empresário

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