Determinado, trabalhador e exigente
Rui Sal - Tecnogarden – Galardão Jovem Empresário
Veste calça de ganga e t-shirt, usa o cabelo em pé e óculos escuros mas é um líder exigente e com elevado sentido de responsabilidade. Rui Sal é o rosto da empresa que cuida de dezenas de espaços verdes na região.
Foi numa empresa da concorrência que Rui Miguel Sal bebeu o tónico que o incentivou a criar a Tecnogarden- empresa de construção e manutenção de espaços verdes sedeada em Almeirim desde 1997. Na verdura dos seus 22 anos, Rui Sal e um amigo, procuraram a independência, pegaram nas pás e nos ancinhos e arriscaram tudo. O jovem empresário do ano conta que a ideia floriu quando um dia foi ajudar o amigo, que era empregado da Plantiagro, num dos trabalhos de jardinagem. Tomou o gosto pela verdura e não perdeu tempo. Montaram a empresa com as parcas economias que tinham e procuraram incentivos para dar alma ao negócio.O primeiro trabalho da Tecnogarden foi no kartódromo de Nossa Senhora da Conceição, em Almeirim. Espaço de diversão para os amantes do karting. A dupla experimentou e não mais parou de acelerar no negócio dos espaços verdes. Prego a fundo, foram conquistando novos clientes privados e institucionais, como o Centro Hospitalar das Caldas da Rainha ou as câmaras de Almeirim, Tomar, Coruche e Benavente, entre outras. No primeiro ano facturaram 150 mil euros. Sete anos depois atingiram um milhão de euros de facturação. Nos anos seguintes, a crise apodera-se da classe média e os jardins e espaços verdes voltam a ser considerados um luxo. Em 2007, a facturação ficou pelos 750 mil euros.Há cerca de ano e meio, o sócio de Rui decide deixar a sociedade. Estava em marcha o maior investimento de sempre da Tecnogarden. A mudança das instalações para a zona de actividades industriais de Almeirim custa 400 mil euros. Rui não hesitou e em Maio de 2007 adquiriu a participação do sócio. “Foi uma das melhores decisões que tomei. Não estou nada arrependido”, confessa.Rui Sal, técnico agrícola de formação e empresário por vocação, não se queixa da falta de incentivos do Estado para os jovens empresários. Lamenta a burocracia e o excesso da carga fiscal que asfixia as pequenas e médias empresas. “Muitas vezes andamos a financiar o Estado, pagando IVA de facturas que ainda não cobrámos. Temos instituições do Estado que pagam a 10 meses e mais”, revela.O novo pavilhão onde Rui investiu tudo é um sinal de expansão, de organização e de melhoria da qualidade da empresa. Ainda cheira a novo. Tem espaços para armazém, logística, zona de preparação de obras e parqueamento para as viaturas. Noutra ala, os escritórios, gabinete da administração, gabinetes para os técnicos e recepção equipados com mobiliário moderno, asseguram conforto e comodidade. Os tons de verde nas paredes misturam-se com as plantas naturais cuidadas com todo o carinho.“Temos de dar o exemplo na nossa casa”, conta o jovem empresário que, apesar de viver num apartamento, não dispensa as plantas cuidadas por si na varanda.Rui Sal é um homem simples. Veste calça de ganga debutada, t-shirt com mensagens da moda, ténis coloridos. Usa o cabelo em pé e nunca dispensa os óculos de sol de marca. “Sou muito vaidoso”, reconhece. As suas maiores extravagâncias são na roupa, acessórios de moda e nas incursões pela noite com os amigos. É casado há três anos, mas ainda não tem filhos. Trabalha 12 horas por dia, diz que “come e bebe Tecnogarden”, mas raramente trabalha aos fins-de-semana. Sempre que é possível dispensa os seus 24 colaboradores para descansarem sábado e domingo. “Descansando os dois dias, rendem mais durante a semana. Queremos uma equipa motivada”, adianta o empresário que criou uma gratificação extra para premiar a assiduidade e o mérito dos trabalhadores. A equipa Tecnogarden é uma equipa jovem que procura acompanhar o ritmo do líder. Mas não é fácil. Rui Sal pratica atletismo, BTT e natação. Está bem preparado física e mentalmente e diz que se não fosse o desporto não conseguia suportar o ritmo e a pressão. Tem a garra de um leão, é sportinguista, mas o futebol não lhe tira o sono.Rui é um líder exigente, mas procura dar o exemplo. Diz que tem em cada colaborador um amigo. Alguns acompanham-no desde o início da empresa. Todas as sextas feiras ao fim da tarde há uma reunião à volta duma cerveja ou de um café para avaliar o trabalho da semana e perspectivar a próxima.No pequeno computador portátil, Rui Sal tem toda a informação da empresa. Um sistema GPS permite localizar as nove viaturas da frota e saber onde está a trabalhar cada uma das equipas. Rui Sal já não corta relva e planta arbustos com a mesma regularidade que fazia há 10 anos, mas acompanha todas as obras e manutenções. Já lhe aconteceu ter de acudir a várias emergências. “Se fosse de fato e gravata era complicado”, refere.O empresário garante que sentiu prazer ao vestir um blazer para receber o prémio atribuído pela associação empresarial Nersant e pelo jornal O MIRANTE. “É uma honra e um privilégio. Fui apanhado de surpresa”, confessa.
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