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“Não consigo ver esta actividade como um negócio”

Eduarda Reis - Escola Internacional de Línguas de Santarém – Galardão Mulher Empresária

Dirige uma escola tecnologicamente avançada, num ambiente informal em que a aprendizagem é encarada com prazer. Eduarda Reis faz o seu trabalho com paixão e não descura o seu enriquecimento pessoal.

É mulher, mãe de três adolescentes e tem 46 anos. Chama-se Eduarda Reis e é a administradora da Escola Internacional de Línguas de Santarém. Criou a empresa há 12 anos depois de 18 a trabalhar em empresas do mesmo ramo. Chegou ao topo e decidiu arriscar por sua conta e risco. Com capital próprio. A empresa tem crescido à medida das possibilidades, de forma sustentada, e é já uma referência nacional ao nível tecnológico. “Não consigo ver esta actividade como um negócio. Isto é uma paixão”. A gestora de formação tem a seu cargo as rédeas da empresa, mas gosta de espreitar as aulas sempre que pode. “Sou gestora simplesmente, mas adoro o ensino”, confessa. Na escola da Rua Soeiro Pereira Gomes vive-se um ambiente cosmopolita. As bandeiras afixadas na porta delimitam fronteiras. Entre o inglês e o alemão. O castelhano e o português para estrangeiros. Em breve chegará o mandarim. Os professores são oriundos de vários países. Condição para ensinar na escola de línguas. Porque uma coisa é falar de Londres. Outra coisa é ter vivido na cidade de sua majestade.“O francês é muito pouco procurado. Neste momento fala-se sobretudo o Inglês e em segundo plano está o espanhol. Depois o alemão. O italiano só procura uma ou outra pessoa por questões de negócios”, explica a administradora. A proliferação de multinacionais conduzidas por espanhóis aumentou a procura de português para estrangeiros. A Escola Internacional de Línguas tem 20 professores e cerca de 400 alunos com faixas etárias que variam entre os cinco e os 40 anos. São estudantes, jovens que querem aprender uma segunda língua, mas também quadros de empresas e pessoas ligadas a organizações internacionais que moram na zona. O espanhol tem a particularidade de ser procurado por empresários e por jovens que vão estudar mais tarde para Espanha frequentar medicina. Em muitos casos os pais são “visionários”, diz Eduarda Reis, e consideram que o conhecimento das línguas estrangeiras é benéfico. As aulas – que decorrem em simultâneo - são momentos agitados. Não de indisciplina, mas de ansiedade por participar no próximo jogo interactivo ou cantar a música que se segue. Trabalhos de casa é coisa que não existe. Na Escola Internacional de Línguas aprende-se por prazer. De forma intensiva. A tocar nos ecrãs interactivos distribuídos pelas salas ou a observar um vídeo da Internet. Todos os professores e alunos têm portátil com acesso à internet sem fios. Os professores acompanham as últimas metodologias na área da educação. “O ensino em Portugal está muito aquém do seu potencial”, garante.“Pior do que decidir errado é não decidir”, diz um cartaz colado por brincadeira ao lado da secretária da administradora. É um lema que gosta de seguir. Decidir. E porque é mulher decide naturalmente com o coração. Chama à sua empresa a sua casa. E é assim que gosta que os outros sintam o espaço. “Os meus amigos dizem que não nasci para ser empresária porque faço uma gestão muito emocional. Mas acho que o meu sucesso está exactamente aí”.As colaboradoras são todas mulheres. Mas Eduarda Reis garante que é pura coincidência. O ambiente é familiar. E a palavra competitividade foi banida do dicionário. Em todas as línguas. Quando existe um problema com um dos elementos a restante equipa ajuda a resolvê-lo. A mulher empresária não tem horário. Trabalha de noite e de dia se for preciso. Da equipa espera o mesmo. Mas não faz questão de que abdiquem das férias por amor ao trabalho, como aconteceu este ano. Trazer os colaboradores motivados é ponto de honra. Não sabe trabalhar de outra forma. Já teve dissabores, mas a estratégia acaba por compensar. É uma mulher realizada profissionalmente. Às vezes sente remorsos por não ter estado com os filhos em todos os momentos. Mas sair de debaixo da asa da mãe tornou-os pessoas mais independentes. O filho mais velho estuda em Lisboa. As duas filhas vivem com a mãe em Santarém e estudam na escola que fica a dois passos da empresa. A gestora e mãe não se esquece de si própria enquanto mulher. Não abdica dos concertos e das leituras. Mas delega com todo o prazer os afazeres domésticos. Não se angustia com o que fica por fazer. A ambição faz parte do seu sonho. Além da escola de Santarém tem portas abertas em Lisboa. E Madrid poderá ser o próximo passo. É uma mulher segura e discreta que afasta os complexos feministas. A mentalidade afastou as mulheres do poder até agora, mas “elas” – que estão em maioria nas faculdades - começam a chegar com toda a força ao mercado e preparam-se para ocupar lugares de chefia.

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