Abandono das antigas instalações do Instituto do Vinho gera insegurança
Câmara Municipal de Azambuja diz que notificou IVV há três meses, mas nada foi feito
Nos depósitos que noutro tempo guardaram o vinho há animais mortos, lixo e seringas. No exterior há um depósito de ferro velho. As instalações desactivadas em Aveiras de Cima são um perigo para a saúde pública.
As portas e portões foram arrombados, as tampas dos depósitos do vinho foram roubadas “para serem vendidas no mercado negro”. Há sinais de toxicodependência e prostituição nas instalações do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV) de Aveiras de Cima. O imóvel à beira da EN 366 está referenciado como local perigoso, mas apesar das várias denúncias nada foi feito e o perigo de morte existe desde que o edifício propriedade do Ministério da Agricultura foi abandonado há 13 anos como aconteceu também em Benfica do Ribatejo (Almeirim) e Alpiarça. “Isto é uma vergonha. Lá dentro há várias armadilhas e aqui fora é um depósito de sucata”, conta Armindo Ferreira, camionista que costuma encostar o camião no parque improvisado frente ao edifício abandonado ali a poucos metros do acesso à auto-estrada em Aveiras de Cima. “Só aqui fico de dia porque há noite tenho medo. Entra aí todo o tipo de gente. Há negócios escuros lá dentro”, adianta o motorista.Maria Assunção, moradora em Aveiras de Cima, passa diariamente junto do local e confirma a existência de movimentos estranhos que associa ao tráfico de droga e prostituição. “Chegam em bons carros e vão lá para dentro. O que fazem no interior não sei. Mas não deve ser coisa boa”, refere. A operária sentiu curiosidade de conhecer o interior das instalações e foi com um marido e uma amiga. “Havia animais mortos nos depósitos, seringas, preservativos e muita porcaria”, descreve.A reportagem de O MIRANTE também esteve no interior das instalações e confirmou o cenário de abandono e insalubridade. Os depósitos sem tampa são fundos e têm um líquido pastelento e com um cheiro activo. Ao mínimo descuido pode-se cair numa das muitas ratoeiras. Apesar da distância do centro da vila e das escolas, há crianças que passam perto do local e a curiosidade tem levado alguns jovens a entrarem no edifício. Nas paredes há grafitis e pinturas feitas por estudantes da zona. As preocupações dos cidadãos foram levadas à última reunião pública da Câmara Municipal de Azambuja pelo vereador da CDU, António Nobre. “O Estado que é tão célere a pedir contas aos cidadãos permite-se ter um edifício neste estado”, referiu. O autarca adiantou que a câmara deve usar a prorrogativa da lei e notificar o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) para vedar o acesso ao imóvel onde há perigo para a saúde pública e risco de acidente grave.O vereador José Manuel Pratas (PS) confirmou que a situação é do conhecimento da autarquia e explicou que em Julho foi ao local com o comandante da GNR de Aveiras de Cima e outras entidades e decidiu informar o IVV para que actuasse em conformidade. “Passaram três meses e não obtivemos qualquer resposta, vamos insistir”, disse. A lei permite que nos casos em que esteja em causa a saúde pública, ou haja perigo para terceiros, que as autarquias tomem posse administrativa dos edifícios. Com base em relatórios da autoridade de saúde, os municípios podem vedar ou mandar demolir os edifícios e imputar as despesas aos proprietários.Em Alpiarça, a câmara municipal vedou o acesso às instalações do IVV e enviou a factura ao Ministério da Agricultura, confirmou fonte da tutela. Em Benfica do Ribatejo as instalações permanecem abandonadas e acessíveis. No concelho de Benavente, a câmara destruiu o antigo posto da BT da GNR de Porto Alto que era também porto de abrigo de toxicodependentes e marginais. Alegou que estava em causa a saúde pública e a segurança das pessoas.Para já o município de Azambuja vai tentar resolver o problema pela via do diálogo. O vereador José Manuel Pratas informou que vai voltar a notificar o IVV para que vede o acesso às instalações com carácter de urgência.O MIRANTE pediu esclarecimentos ao Ministério da Agricultura, mas até ao fecho desta edição não obtivemos respostas para as questões colocadas. Entretanto, apurámos junto de fonte não oficial que foi criada uma equipa que está a fazer um levantamento de todo o património do ministério para o avaliar e estudar o destino a dar a cada imóvel. No caso das antigas instalações do IVV em Aveiras de Cima “ainda não há nenhuma novidade”, adiantou a nossa fonte.
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