Ricardo Sebastião é licenciado em marketing, mas a sua vida é o motociclismo. Embora nunca tenha sido piloto, “ando de moto apenas por lazer”, começou cedo a sua queda para acompanhar o mundo das motos. “Comecei há cerca de 10 anos na equipa da Rómoto de Santarém, apoiando os pilotos do distrito de Santarém”.A sua ligação à Bianchi Prata vai na terceira época e começou após a realização de uma prova de supercross em Paço dos Negros. “Organizei a prova de homenagem ao malogrado piloto Diogo Carvalho. Foi aí que Pedro Prata, o patrão da equipa Bianchi, me propôs criar e ser responsável por uma equipa, e aí começou a equipa Bianchi Prata e a minha vida de director desportivo”. A vida de Ricardo Sebastião como director desportivo da Bianchi Prata/Vodafone é um corre - corre total. “Trato de tudo o que se relaciona com a logística da equipa, desde a colocação do carro de transporte do material até ao apoio em prova. Antes das provas é necessário organizar todos os pormenores e aí ando numa ‘roda viva’ para que tudo esteja em pleno”As participações no Rally Lisboa – Dacar têm um lugar de destaque na carreira desportiva de Ricardo Sebastião. “É uma prova que infelizmente terminou de uma maneira abrupta, mas era sem dúvida a melhor do todo-o-terreno mundial, e ter participado nela activamente foram os melhores momentos da minha carreira”.Mas o director desportivo de uma das melhores equipas de Portugal destaca a grande qualidade organizativa de alguns clubes do distrito de Santarém e também a categoria dos pilotos. “No distrito de Santarém temos um dos melhores públicos do país, um público que sabe de motos, que comparece às provas. É normal numa prova de motocrosse aqui na zona ter quatro ou cinco mil espectadores. E isso obriga a que as organizações sejam muito boas”, referiu Ricardo Sebastião.O qualificado dirigente não hesitou em afirmar que a capacidade organizativa dos dirigentes da Moçarria, Marinhais, Ourém ou Paço dos Negros, “é do melhor que existe em Portugal. Se tivessem por exemplo as condições que têm em Águeda seriam do melhor que se faz na Europa”, disse com convicção o director desportivo da Bianchi Prata.“A nível de pilotos é já tradicional ver os melhores pilotos ribatejanos nos primeiros lugares e mesmo a disputarem provas internacionais. Joaquim Rodrigues, Luís Correia, Luís Ferreira, Gustavo Gaudêncio e David Megre, estão entre os melhores portugueses e mesmo a nível da Europa”, garante.Mas Ricardo Sebastião, embora nunca tenha sido piloto, fala também com entusiasmo nos que orienta, ou tem orientado como treinador. “Neste momento dedico uma grande importância a um jovem piloto, o Diogo Ventura, que é uma grande promessa no motociclismo português”.Contudo Ricardo Sebastião é muito crítico em relação ao trabalho da Federação Portuguesa de Motociclismo. “Temos uma excelente capacidade organizativa a nível de clubes e empresas. Capacidade que infelizmente não é acompanhada pela Federação. Os dirigentes continuam com a mesma mentalidade de há 20 anos atrás, quando não havia tanto profissionalismo. Neste momento temos pilotos profissionais a ganhar muito bem e quando chegam às corridas organizadas pela federação não têm as condições exigidas”, garante. “Só para se ter uma ideia da pouca organização federativa, dou o exemplo do que aconteceu numa das últimas provas de todo-o-terreno. O Gustavo Gaudêncio vem à frente da corrida, e quando vai a cruzar uma estrada de asfalto, aparece-lhe uma carrinha de frente, foi por metros que não houve um acidente grave. Foi arrepiante e a estrada devia estar cortada”, disse o dirigente.