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Zaratústrico Serafim das Neves

As Comissões de Protecção de Menores estão cada vez mais activas. Todas as semanas retiram crianças às famílias. É um contributo importante para o desmantelamento total da família tradicional em que o pai batia na mãe, a mãe batia nos filhos e os filhos espetavam o gato da vizinha com setas feitas de varetas de guarda-chuva afiadas. O país está a mudar e a modernizar-se e nada melhor que acabar com esses resquícios (que bela palavra!) do passado. Pais que não tenham dinheiro para ter vivendas com piscinas onde os filhos possam brincar livremente. Que não consigam um empréstimo para a primeira segway do rebento ou que insistam em não lhes proporcionar os prazeres de roupas de marca, ípods, telemóveis de última geração e portáteis com internet móvel de banda larga, não merecem ter filhos à sua guarda. Neste momento, pelas minhas contas, há dezenas de crianças mais felizes graças às Comissões de Protecção de Menores. Crianças que vivem em hotéis de acolhimento de cinco estrelas e a quem é proporcionada alimentação de primeira, brinquedos adequados à sua idade e roupa e acessórios que não as envergonham na escola. Pelo menos é assim que eu imagino os lares para onde elas são levadas depois de retiradas aos pais. Imagino, porque ninguém me deixa lá entrar para ver. Não deixam mas deviam deixar para que os contribuintes possam ver que o seu dinheiro é bem gasto. Para que jornalistas do reviralho não andem para aí a apregoar que os putos estão pior do que se estivessem nos seus diminutos apartamentos de três assoalhadas com polibans em vez de banheiras e cozinhas sem micro-ondas.Mas deixemos as crianças e passemos a um outro tema. O enterramento das linhas de caminho-de-ferro em Vila Franca de Xira. Eu nestas coisas de enterramentos acho sempre que deviam ter a palavra os coveiros. A Associação Nacional de Coveiros. E já agora outras entidades que se dedicam a enterrar alguma coisa. Nem que sejam coisas bem mais pequenas que comboios. Eu também enterro, de quando em vez. Ainda ontem o fiz. Se calhar também deveria ser chamado a pronunciar-me. Enterrei os dentes numa febra que foi um regalo. E se ela era tenra, a febroca. E tu? Também queres ser chamado a enterrar…perdão a discursar numa conferência sobre o enterramento da linha? Deixei para o fim o caso daquele senhor que estava com dores no peito e foi queixar-se ao Centro de Saúde de Alpiarça. A sorte dele foi ir ao sítio certo. Apanhou uma médica pragmática que não esteve ali a dar-lhe comprimidinhos para ver se passava. Para dissipar dúvidas mandou-o logo fazer uma prova de esforço. Disse-lhe para conduzir o carro até ao Hospital de Santarém. Foi tiro e queda. Acertou em cheio no diagnóstico e poupou trabalho aos colegas. Quando eles viram o homem já não tiveram qualquer dúvida, era um enfarte. E por agora me vou antes que a tal médica me mande ir a pé a Fátima, sem peúgas nem sapatos para ver se tenho papilomas. Saudações psiquiátricas do Manuel Serra d’Aire

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