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Pedro Barroso sente-se como um artesão a lutar contra fábricas

Pedro Barroso sente-se como um artesão a lutar contra fábricas

Sensual Idade para assinalar quarenta anos de carreira artística

Doze canções e dois poemas recitados. O CD “Sensual Idade” assinala quarenta anos de carreira do trovador Pedro Barroso e é ilustrado pela pintura de bolinha vermelha de Pedro Chora, um heterónimo do cantor.

A poucos minutos do concerto de apresentação do disco Pedro Barroso está completamente tranquilo. “Não estou nervoso. Claro que há sempre uma certa apreensão antes de um concerto. Pode sempre escorregar um dedo, ou falhar uma nota, mas sou uma pessoa com muita base e tenho noção daquilo que valho. Já passei por muitas coisas. Quando chego ao palco sinto-me em casa”, explica. Tão Mulher, O Cheiro, Amantes Clandestinos, Swing, O Voyeur, As Amazonas e O sexo comanda a vida são alguns dos temas que descortinam toda a volúpia que Pedro Barroso imprime no seu novo álbum de originais: Sensual Idade, editado pela Ovação. Este trabalho marca o regresso do cantor à cena musical portuguesa e surge quatro anos depois de Navegador do Futuro. É composto por 14 faixas (12 canções e dois poemas, todos inéditos) e foi apresentado ao público, no programa Viva a Música da RTP-Antena 1, esta quinta-feira, 30 de Outubro, pelas 15h00. Apesar do dia ser de chuva e a hora de trabalho foram muitos os que quiseram estar presentes no Teatro da Luz, em Lisboa, para assistir à apresentação do primeiro álbum temático de Pedro Barroso. Em “Sensual Idade” o músico ribatejano invoca pela primeira vez “o que de mais secreto existe nos homens” - a intimidade. Uma exposição mais arrojada que mereceu bolinha vermelha na capa do disco, todo ele ilustrado com pinturas do heterónimo de Barroso, Pedro Chora.A lotação esgotou-se mal as portas do teatro se abriram. Muita gente teve de assistir ao concerto de pé. Houve quem viesse de Coruche e de Salvaterra de Magos expressamente para assistir a este “Viva a Música”, dedicado a Barroso. “Gosto muito do Pedro e das canções dele. Estava muito ansioso por ouvir este novo trabalho. Sempre que posso acompanho-o”, conta Joaquim Cardoso, 72 anos de Salvaterra de Magos. Presente esteve também a irmã mais velha do cantor, Helena Barroso. “Sou uma irmã muito babada e muito conivente em relação à obra dele. Sempre que a minha vida o permite venho vê-lo”, explica. Perto de uma centena de pessoas assistiram à actuação de cantor e dos músicos Miguel Carreira (acordeão e viola) e Luís Sá Pessoa (violoncelo). “O que vou fazer aqui hoje é uma coisa muito reduzida. Infelizmente, muitos dos músicos que participaram no disco não puderam estar presentes na apresentação, por ser dia de semana e a maioria deles estar a trabalhar. Tenho muita pena que não possam estar todos”, desabafa o músico riachenche. “Sou um artesão a lutar contra fábricas”, acrescenta.Para além de Luís Sá Pessoa e Miguel Carreira, “Sensual Idade” contou com um variadíssimo naipe de músicos. Particular destaque para as participações do filho do cantor, Nuno Barroso (piano e coros), de Manuel Rocha (violino), de Rodrigo Serrão (contrabaixo) e dos ribatejanos Nuno Fernandes (tuba) e Luís Petisca (bandola, guitarra portuguesa e clássica), entre outros. De destacar também a colaboração da interprete Lara Li. Todas as letras e músicas do álbum são de autoria de Pedro Barroso. Excepção feita para a música da faixa número cinco, Allumeuse, que ficou a cargo do produtor, Luís Petisca, músico natural da Chamusca que trabalha desde a sua adolescência, com o cantor.“A música de Pedro Barroso é única. E o ouvinte mais atento, se percorrer os cerca de 30 discos que ele já gravou até hoje, percebe claramente que este trabalho é o crescente em termos de cuidado da composição e da escrita. Neste momento atrevo-me a dizer que Pedro Barroso, em termos de declamador de canções, é o nosso criador mais superlativo. Vai do amor à raiva, da paixão à descrença, com uma sensibilidade e abrangência que só as pessoas mais insensíveis não conseguem compreender. Daí que tenha pelo Pedro, além de uma grande amizade, um grande respeito pela sua obra”. Foram estas as palavras que António Carvalheda, mentor do programa Viva a Música, escolheu para descrever o porquê de escolher Sensual Idade como disco promocional da Antena 1 e por conseguinte, “concerto especial”. “Escrevi mais de 100 páginas de música para este trabalho. Quase que dava para fazer um concerto de piano e orquestra”. Por isso Pedro Barroso deixa o apelo: “comprem o disco e deixem-se encantar pela emoções, mas com a noção de que estão aqui anos e anos de trabalho poético, musical, de interpretação e muito mais”. Pedro Barroso estreou-se em 1969 no programa Zip Zip. Em 2009 comemora 40 anos de carreira. “Tentar pôr palavras inteligentes em cima de música bonita” tem sido o objectivo deste percurso já longo. Aquele que é já considerado por muitos o “último dos trovadores” quer comemorar as quatro décadas de canções (bodas de rubi) em um qualquer teatro. Talvez no Teatro Virgínia, em Torres Novas. Mas até lá já tem vários concertos agendados. O próximo será dia 21 de Novembro, na Sala Paul Valéry, em Paris. Para o futuro, fica a promessa de mais um disco. Desta vez Pedro Barroso quer dedicá-lo aos pecados.
Pedro Barroso sente-se como um artesão a lutar contra fábricas

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