Plataforma de acesso ao comboio retirou clientes ao largo da Estação
Maioria das lojas fechou no local onde antigamente passavam os utilizadores do comboio
São 16h30 de sexta-feira. Enquanto que na zona da estação de comboios de Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, se sente o rebuliço de quem escolhe aquele transporte para chegar à capital, num local próximo vive-se o sossego total. É no largo da estação. Para desalento dos poucos comerciantes que ainda por ali continuam. A maioria das lojas está fechada ou para trespasse, mas ninguém quer abrir nenhum negócio naquele local. A construção de uma plataforma de acesso mais directo dos passageiros à estação, há mais de um ano, facilitou a vida a quem diariamente necessita do comboio mas estragou o negócio do pequeno comércio.Augusto Mendes é proprietário do café/restaurante “O Bom Pitéu” há mais de três décadas. Garante que o negócio nunca esteve tão mau como agora. E a culpa não é só da crise, afiança. Antes de ser construída a plataforma de acesso à estação passavam centenas de pessoas diariamente à porta do seu estabelecimento comercial e bebiam a bica ou tomavam o pequeno-almoço. Hoje em dia consegue contar o número de clientes diários pelos dedos das mãos.Augusto Mendes não tem dúvidas. Esta é uma zona destinada a morrer e os responsáveis políticos não se preocupam em revitalizar este espaço. “Só ainda não fechei o estabelecimento porque estou aqui há 30 anos, tenho pena de me desfazer disto e é o meu sustento. Mas não vejo soluções. A maioria das lojas já fechou e não há quem se aguente numa zona onde não existem clientes”, lamenta.O local é escondido e quando cai a noite é muito pouco iluminado. O proprietário do “Bom Pitéu” até deixa a luz do seu placard de publicidade ligada durante a noite para que a rua tenha um pouco mais de iluminação. Para atravessar a linha do comboio para o outro lado da estrada foi construído um túnel. Que as pessoas têm medo de atravessar, sobretudo, durante a noite.“É uma zona muito insegura. Chego à estação da Póvoa normalmente por volta das dez da noite e atravesso o túnel sempre com medo porque é tão escuro que não sabemos o que nos pode acontecer”, conta uma utilizadora da estação ferroviária.Também Maria Rita Rei se queixa da mesma situação. Proprietária do café 3 RRR no início da rua da Estação, Maria Rita garante que se fosse mais nova já tinha vendido o espaço há muito tempo. “O que me vale é que o café é meu e não pago renda porque senão aquilo que facturo não dava para pagar as despesas”, afirma.A proprietária do café explica que se os autocarros de passageiros parassem no largo ao invés de o fazer mais atrás como faz actualmente seria muito mais benéfico para os comerciantes desta zona.
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