João Cláudio
58 anos, médico-veterinário
Nasceu na Chamusca a 25 de Novembro de 1950. Desde muito novo que escolheu ser médico-veterinário. É casado e tem três filhos, o mais novo dos quais a estudar veterinária. Reside em Santarém onde exerce actividade há 28 anos na Clínica Médico-veterinária São Francisco de Assis. Considera que a família e os amigos são elementos estruturantes da sua vida, sem os quais o seu percurso não teria tido o mesmo traçado.
Em pequeno sentia que tinha que tratar de todos os animais sem dono. Todos os animais são especiais para mim. Antigamente, os animais não eram considerados como são hoje. Eram domesticados mas eram animais que tinham determinadas funções de trabalho, como de vigia ou para caça. Havia poucos animais de companhia. Segundo uma teoria em que acredito, as coisas evoluíram quando uma menina levou um dia um cão para casa e os pais, depois de alguma hesitação, aceitaram-no. Normalmente, as pessoas têm animais como a criança tem um peluche. Depois vai-se habituando a cuidar daquele peluche (animal) para toda a vida. Actualmente há uma preferência por felinos. A minha perspectiva de vida passou sempre por exercer medicina-veterinária. Não tenho animais de companhia por medo de gostar mais do meu animal do que dos outros. Cada um que trato no meu consultório será, para mim, sempre o primeiro. As pessoas têm animais de estimação porque foi crescendo essa necessidade na sociedade. Perdeu-se o “conjunto animais humanos-amigos” e começa-se a recair sobre um ou mais animais. Porque conseguimos conviver mais com esses animais do que com todos os outros. É uma forma de quebrar a solidão. A Clínica Médico Veterinária São Francisco de Assis existe desde 1980. Tudo começou quando um grupo de vários veterinários regressados do Ultramar, de uma Faculdade de Angola, resolveram abrir uma Clínica em Santarém. Entretanto juntei-me a eles em 1980, ainda como estagiário. Abri o consultório onde me encontro actualmente em 1986. São Francisco de Assis é o padroeiro dos animais e é comemorado no dia 4 de Outubro, Dia do Veterinário. Existe uma interligação permanente entre a vida profissional e a vida pessoal. Por norma, estou sempre contactável e tento sempre dar todo o apoio possível, independentemente de ser meu cliente ou não. Penso que quando se gosta do que se faz não existe muita diferença entre a nossa vida profissional e a pessoal. Tudo é a nossa vida. Eu não sou médico-veterinário só quando estou na clínica. Quando estou “a jantar” em minha casa continuo a ser médico-veterinário. Converso bastante com os meus clientes. Não casei com a profissão, não sou padre e claro que tenho tempo para a família e para outras actividades de lazer, como qualquer pessoa. Quem não gosta de viajar, de ler, ver espectáculos ou ouvir música? Costumo dizer que todos somos colecionadores de alguma coisa. Tenho sempre presente a ideia de tentar fazer sempre melhor para a próxima. Hoje faço o que sei e posso. Na próxima vez quero sempre fazer melhor. Gosto de fazer a ligação entre o passado e o presente. Não esqueço uma situação que vivi ainda enquanto estudante na Faculdade de Veterinária. Certa vez, chegou um carro a alta velocidade conduzido por um senhor que estava visivelmente aflito e que provocou grande alarido no local. Um cachorrinho de poucos meses que tinha sido atropelado. Intrigados com a situação, eu e outros colegas, achando a confusão algo exagerada por causa de um cachorro, fomos perguntar o que se passava. Ficámos a saber que o senhor precisava de salvar o cão porque tinha um filho de quatro, cinco anos, que era autista e que tinha o cão há pouco tempo. Nesse mês, devido à companhia deste cão, tinha feito mais progressos do que nos últimos três anos. Ele achava que o cachorro seria imprescíndivel para essa criança. Nasci na Chamusca. Gosto muito da minha terra e da Terra. Se sou o que sou deve-se a ter nascido aqui. Considero que a família e os amigos são elementos estruturantes na minha vida. Sem eles nunca estaria ou seria o que sou. Gosto de pensar que hoje é o dia de amanhã e dou muito valor a tudo o que me rodeia. Embora a minha função seja cuidar de animais, gosto muito de pessoas. Elsa Ribeiro Gonçalves
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