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O arroz de castanhas piladas da D. Noémia e a receita de carne de porco salteada

O arroz de castanhas piladas da D. Noémia e a receita de carne de porco salteada

Em tempo de Magusto seniores deixaram receitas à base do fruto da época

Cozidas, assadas, doces ou em puré. São várias as formas de preparar castanhas. Em tempo de Magusto O MIRANTE procurou receitas feitas guardadas nas memórias dos mais velhos.

Reza o adágio que com “água-pé, castanhas e vinho, faz-se boa festa pelo S. Martinho.” Mil e quinhentos idosos do concelho de Vila Franca de Xira comprovaram o dizer antigo, na terça-feira, 11 de Novembro, no pavilhão do Cevadeiro, no parque urbano da cidade de Vila Franca de Xira onde não faltou o fruto que é apreciado por muitos ribatejanos que o preparam das mais diversas formas.Noémia Correia, 59 anos, de Vialonga, sabe de cor a receita de arroz de castanhas piladas (castanhas descascadas e secas). “Foi uma receita que me foi transmitida pela minha avó Joaquina, que todos os anos pela Páscoa, altura em que não se podia comer carne, nos oferecia castanhas piladas”. A preparação é simples: cozem-se as castanhas piladas em 1,5 litros de água, junta-se uma pitada de sal, uma colher de açúcar e um pau de canela. Quando as castanhas estão cozidas, tiram-se da água e aproveita-se esta para cozer o arroz. Depois do arroz cozido, junta-se na panela novamente as castanhas e polvilha-se o preparado com canela.Há quem prefira a carne de porco assada com castanhas salteadas. É o caso de Maria Alice Machado, 74 anos, da Castanheira do Ribatejo, que sugere uma receita que a mãe lhe ensinou era ainda criança. “É uma receita que se pode fazer o ano todo, porque agora já há sempre castanhas congeladas no supermercado”, conta. A receita, diz Maria Alice Machado, é muito fácil. Tempera-se a carne de porco com sal, dentes de alho e massa de pimentão. Barra-se a carne com a mistura e rega-se com o vinho branco. Vai ao forno. Entretanto leva-se uma panela ao lume com água e quando estiver a ferver juntam-se as castanhas. Deixa-se ferver e depois descascam-se as castanhas. Num tacho à parte faz-se um refogado com azeite, cubinhos de bacon, cebola e alho. Depois juntam-se as castanhas descascadas. Quando a carne de porco estiver cozinhada junta-se as castanhas e vai a alourar cerca de 10 minutos. Sopa de castanhas e peru recheado Maria Eduarda nasceu em Mirandela, onde a castanha é rainha, mas cedo se mudou para Alverca do Ribatejo. Foi ainda em Trás-os-Montes que aprendeu todos os petiscos que se confeccionam com castanhas. A O MIRANTE deu duas receitas. A sopa e o peru recheado com castanhas. “Leva os mesmos temperos e doses que a sopa de legumes, mas em vez de se fazer o puré com a batata, faz-se com as castanhas, que devem ser previamente cozidas e descascadas. E depois junta-se ao puré bagos de arroz”. O peru também é sempre uma opção para o Natal. Nunca falha. Leva o tempero normal do peru assado: limão, laranja, alho, sal, banha e salsa. Depois é recheado com os miúdos do animal e com as castanhas já sem casca. “Vai ao forno e serve-se com maçã reineta assada”. Da Póvoa de Santa Iria chega-nos a sugestão mais gulosa: compota de castanhas à moda de Emília Lima, 54 anos. “Gosto muito de doces e nesta altura do ano, costumo sempre fazer uma compota de castanhas”, confessa. “ Faço tudo a olho”, acrescenta. Mas não há que enganar: um quilo de açúcar amarelo a 0,5 litros de água, leva-se ao lume até ficar em caramelo. Depois junta-se o puré de dois quilos de castanhas cozidas e descascadas, mais uma pitada de erva-doce e um pau de canela. E depois é só deixar arrefecer. “Pode-se barrar no pão, em tostas, em bolachas ou mesmo para servir de recheio a um bolo”, sugere. A castanha é rica em calorias e baixa em colesterol e chegou à Europa há mais três mil anos. Em Portugal é criado sobretudo nas regiões de Trás-os-Montes e Beira Interior.Magusto Sénior enche Parque do CevadeiroEram quentinhas e boas as castanhas – 550 quilos - servidas em mais uma edição do Magusto Sénior, promovida pelo pelouro de Acção Social da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, em colaboração com a Comissão Municipal de Apoio a Idosos. Com o pavilhão do Cevadeiro, no parque urbano da cidade de Vila Franca de Xira ao rubro não faltou à festa a tradicional água-pé. Ao bom velho estilo entornaram-se 500 litros do néctar. O caldo verde e o chouriço fizeram também parte da ementa. Ouviu-se o Grupo de Cavaquinhos do Forte da Casa e o Grupo de Danças Africanas da Comissão de Moradores do Bairro Municipal de Povos. Para muitos seniores do concelho este foi um dia especial: quebrou-se a rotina diária, reencontraram-se amigos e lembraram-se histórias dos tempos antigos. Tempos em que ainda havia Verão de S. Martinho.
O arroz de castanhas piladas da D. Noémia e a receita de carne de porco salteada

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