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A cadela “Lua” subiu ao palco para guiar o dono e foi estrela do encontro de coros

A cadela “Lua” subiu ao palco para guiar o dono e foi estrela do encontro de coros

Grupos corais de Vila Franca de Xira vivem da paixão dos amadores pela música

“Lua” guiou o invisual Augusto Hortas no palco da Sociedade Euterpe Alhandrense. A cadela guia foi estrela no encontro de coros de Vila Franca de Xira. Um concelho onde os grupos procuram público exigente e voluntários dispostos a dar a voz ao manifesto.

Chama-se “Lua” e subiu ao palco na noite de sábado para guiar o dono, Augusto Hortas, em mais um concerto do coro do Ateneu Artístico Vila-franquense. Um dos quatro grupos que animaram o salão da Sociedade Euterpe Alhandrense na segunda de três sessões do XV Encontro de Coros do Concelho de Vila Franca de Xira (ver caixa) que decorreu em Alhandra.Ao contrário de outros elementos de grupos corais Augusto Hortas, um técnico superior do Instituto do Emprego e Formação Profissional, em Alverca, não precisa de ver as indicações do maestro para interpretar as peças. “O Augusto [Hortas] tem mais atenção e mais sensibilidade para os andamentos, para as entradas e até para a dinâmica de todas estas pessoas. Ele próprio diz que essa coisa de ver faz perder a atenção. Ele sente as pessoas respirar e sabe quando começar. Nunca entra antes, nem depois”, explica com orgulho o maestro do grupo, Edgar Samarago que garante que o invisual é uma figura fundamental no grupo.Os grupos corais do concelho de Vila Franca de Xira vivem da paixão dos amadores pela música. São funcionários públicos, médicos, filósofos, professores e matemáticos que dão voz ao manifesto seguindo a batuta de maestros conceituados. São vozes muito heterogéneas que cabe aos maestros – os únicos profissionais do grupo - trabalhar. Edgar Saramago, 65 anos, director coral há 30 anos, formado na Holanda, admite que o grupo é exigente. A certa altura o coro já não suporta quem chega para aprender a cantar, explica. Mas recusa ceder à mediocridade para angariar mais elementos.O maestro do grupo coral Ares Novos de Alverca, Carlos Cairrão, 45 anos, professor na Escola Pedro Magalhães, em Alverca, segue o mesmo diapasão. “As próprias rádios estão formatadas para determinado tipo de música. E apenas uma minoria ouve a Antena 2”, opina o maestro que explica que a preocupação é sempre apresentar um repertório variado dentro das limitações do grupo no que aos naipes diz respeito.O Grupo Coral Ares Novos de Alverca apresentou temas de música sul-africana – como “The Lion Sleeps Tonight” [tema que integra o filme O Rei Leão] - que não é mais que o reflexo do gosto dos elementos do grupo. Faltam timbres de vozes – tanto feministas como masculinas - e mais voluntários. Vive-se uma crise de associativismo porque os mais novos têm apelos mais fortes. E porque não existem mais jovens a integrar os grupos corais? “Certos coros estão um bocadinho envelhecidos e isso também não atrai os jovens porque o tipo de repertório que agrada aos mais velhos por vezes não é o mesmo que agrada aos mais novos. E depois é também uma questão de acompanhar as pessoas que têm mais dificuldade”, analisa a maestrina Margarida Simas, 27 anos, professora do Conservatório Regional Silva Marques, em Alhandra. O coro de câmara que ensaia, formado por futuros profissionais, é um toque de frescura numa área que tradicionalmente vive à custa da paixão de quem trabalha à margem da música.
A cadela “Lua” subiu ao palco para guiar o dono e foi estrela do encontro de coros

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