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Emoção e agradecimento na gala dos Prémios Santareno de Teatro

Emoção e agradecimento na gala dos Prémios Santareno de Teatro

Nicolau Breyner, Diogo Infante, Ana Ester e Cláudia Semedo entre as estrelas que desfilaram em Santarém
Foi sob o signo da emoção e do agradecimento que decorreu na noite de domingo a terceira edição dos Prémios Santareno de Teatro. No Teatro Sá da Bandeira, em Santarém, Nicolau Breyner foi distinguido com o prémio Carreira pelas facetas de actor, director e produtor, o mesmo acontecendo com a cenógrafa e figurinista Cristina Reis, vencedora da categoria no feminino.Confessando a sua amizade e reconhecimento por Bernardo Santareno, Nicolau Breyner considerou que o prémio é uma grande responsabilidade que lhe passam para as mãos. “É bom, gratificante e vale a pena ser actor mesmo que este país por vezes nos queira fazer acreditar que não vale a pena. Mas nós insistimos. Somos actores porque nascemos actores e seremos actores até ao fim”.Cristina Reis preferiu referir-se aos caminhos que fazem uma carreira. “Que correspondem a todos os carreiros de todos aqueles que comigo vão caminhando e trabalhando”. Dos mais veteranos para as promessas do teatro, atribuíram-se os prémios Revelação. Cláudia Semedo, nova cara das televisões, da rádio e do teatro, interpreta actualmente Neusa Sueli em “Navalha de Carne”. “Agradeço pelo incentivo a um percurso que é tão curto, nem se pode chamar de carreira”. Pedro Bargado, protagonista da ópera rock “Jesus Cristo Super Star”, de Filipe La Féria, deixou escapar algumas gargalhadas. “O teatro, às vezes, é um bocadinho esquecido e posto de lado e as pessoas maltratam. Estes prémios vêm dar um bocadinho de carinho”, analisou. O desfile de protagonistas continuou, entrecortado pelos sons da Orquestra Santos Rosa, que acompanhou toda a gala. Na categoria de Interpretação, Diogo Infante e Ana Ester foram os premiados. Na categoria masculina, pela interpretação de Hamlet, de Shakespeare. Na feminina, Ana Ester foi Mrs Lovett em “Sweeney Todd, O Terrível Barbeiro de Fleet Street”.“Hamlet é um sonho e não escondo que durante muitos anos ambicionei um dia poder confrontar-me com essa personagem tão mítica e fantástica. Como intérprete fiquei com a sensação que não cheguei lá. Mas ver esse esforço reconhecido é motivo de grande orgulho e satisfação pessoal”, agradeceu o actor. Ana Ester preferiu questionar-se sobre o rumo que a sua vida levou. ”Como explicar que uma quase finalista do curso de medicina em Santa Maria fosse colocada entre a espada e a parede para ir estudar canto para Londres? Como explicar que depois de 18 anos de carreira como cantora lírica seja nomeada para Globos de Ouro da SIC com “Mrs. Lovett” e esteja agora aqui, honrada e agradecida, na presença de tantos nomes de teatro, a receber este prémio». Acho que os meus anjinhos se estão a divertir à grande!”, gracejou.“O Inferno”, peça de Santareno levada a cena por Carlos Avilez, director do Teatro Experimental de Cascais, mereceu o prémio Espectáculo. E teve direito a interpretação de um excerto durante a gala. Carlos Avilez foi directo ao assunto e reafirmou o seu amor ao teatro acima de todas as coisas. “Fico muito grato de estar aqui com vocês todos”.Grupo de Pernes ganha prémio EspecialA última categoria dos prémios foi para Pernes. O grupo Cénico da Música Nova, dirigido por Vicente Batalha (ver texto ao lado), viu reconhecida a sua interpretação da peça “O Duelo” com o prémio Especial. Falando pelo grupo, o jovem actor amador Bruno Oliveira elogiou a qualidade de Vicente Batalha como director e encenador sem esquecer outras virtuosidades. “Apontaria a qualidade e beleza do texto e da peça de Santareno, a criatividade e habilidade de quem nos escolheu em palco”.Numa gala apresentada por Isabel Angelino e Eládio Clímaco, abrilhantada por momentos de dança e bailado a cargo de Ana Sofia Leite, João Cabaça e Sofia Matos, e de canto lírico pela soprano Ana Paula Russo, a noite não terminou sem duas canções de Nuno Guerreiro, da Ala dos Namorados. O presidente da Câmara de Santarém foi sucinto na mensagem. “Santareno foi um grande homem, actor e talento da vida pública. Um grande abraço de parabéns aos premiados e para o ano cá estaremos”, afirmou o autarca.Veto diz que “Vicente Batalha premiou Vicente Batalha”A atribuição do Prémio Especial ao Grupo Cénico da Música Nova, de Pernes, dirigido por Vicente Batalha que é também presidente do júri que definiu os vencedores, motivou uma reacção contundente por parte do Veto Teatro Oficina. “Vicente Batalha premiou Vicente Batalha”, acusa Eliseu Raimundo, actor do Veto e presidente do Círculo Cultural Scalabitano, entidade que integra esse grupo de teatro de Santarém. Numa carta aberta dirigida a Vicente Batalha enquanto presidente do Instituto Bernardo Santareno, Eliseu Raimundo confessa que “a perplexidade foi grande” quando souberam que a peça “O Duelo”, encenada por Vicente Batalha, havia sido premiada por um júri a que preside o mesmo Vicente Batalha enquanto responsável pelo Instituto Bernardo Santareno. O visado não quis fazer qualquer comentário.Afirmando nada ter contra o grupo de Pernes - “com o qual mantemos as melhores relações” -, o responsável do Veto Teatro Oficina acusa Vicente Batalha de ignorar trabalho do seu grupo, designadamente a peça “Bernardo Santareno… Nos Túneis da Liberdade”, construída a partir de textos do autor que patrocina o prémio. Enunciando as várias actividades desenvolvidas ao longo do ano, Eliseeu Raimundo questiona: “Neste concelho, em 2008, no campo teatral, alguém fez tanto como o Veto Teatro Oficina?”.E mais abaixo dá a resposta em tom mordaz: “Pois, em 2008, para o senhor presidente do Instituto Bernardo Santareno, o Veto Teatro Oficina foi transparente, invisível e, no entanto, tem cerca de meia centena de elementos, de todas as idades, mas não os viu, não os encontrou, não deu pelo grupo, tão concentrado estava no seu próprio trabalho e, por isso, o inevitável, de facto, aconteceu: Vicente Batalha premiou Vicente Batalha”.
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