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Quando Pedro Jóia foi ao Colete Encarnado e acabou a cantar numa tertúlia

Quando Pedro Jóia foi ao Colete Encarnado e acabou a cantar numa tertúlia

Música venceu Prémio Carlos Paredes 2008 e é um admirador do Ribatejo

Pedro Jóia recebeu o prémio Carlos Paredes em Vila Franca de Xira. A cidade que uma vez visitou no Colete Encarnado. Assistiu às largadas e acabou a noite a noite a tocar numa tertúlia.

O álbum “À Espera de Armandinho”, de Pedro Jóia, conquistou por unanimidade o Prémio Carlos Paredes 2008. Um galardão atribuído desde 2003 pela Câmara de Vila Franca de Xira a obras de música instrumental, não erudita, criada por músicos portugueses.Foi com “prazer” que Pedro Jóia recebeu o galardão das mãos da vereadora da cultura, Conceição Santos na sexta-feira, 14 de Novembro, no anfiteatro do Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira. Pedro Jóia invoca duas razões especiais: “Carlos Paredes é uma grande referência para mim. Foi um privilégio fazer a primeira parte de um concerto dele nas ruínas do Carmo, em 1991. Depois, acho óptimo que a Câmara de Vila Franca de Xira tenha criado este prémio único dedicado à música instrumental não erudita. É um grande prazer vir a esta cidade receber este prémio”, confessou o virtuoso guitarrista.Pedro Jóia falou a O MIRANTE e contou a ligação especial que tem com o Ribatejo. Em criança costumava ir muito à barragem de Castelo de Bode. Com os pais, oriundos de Lisboa, costumava parar para almoçar em Vila Franca de Xira ou no Entroncamento. Com o passar dos anos, vieram os amigos. Hoje Pedro Jóia tem amigos espalhados pelo Cartaxo, Santarém, Vila Franca de Xira e Samora Correia e diz que conhece muito bem os elementos do grupo ribatejano “Meninos da Avó”. Reconhece que todos os amigos ribatejanos têm um ponto em comum: o orgulho das tradições que herdaram. “Os ribatejanos são muito orgulhosos da sua cultura. Da herança da sociedade fabril, do neo-realismo, do rio, dos toiros e dos campinos. Isso sente-se e é muito forte”. Foi em Espanha que Pedro Jóia descobriu uma paixão que o une ao Ribatejo: a festa brava. “Estudei em Andaluzia, Espanha, guitarra flamenga e essa região é muito dada a tauromaquia. Aquilo ficou-me marcado. Mais tarde, vim a Vila Franca de Xira a uma festa do Colete encarnado e lembro-me que acabei a noite a tocar numa tertúlia”. Pedro Jóia já assistiu a uma corrida na Palha Blanco. “Como gosto muito já fui ver corridas a muitos sítios, em Vila Franca, em Santarém, no Cartaxo, no Campo Pequeno. Aqui em Vila Franca vim ver o Bastinhas”, conta. Este virtuoso da guitarra diz que adora arte equestre que também se relaciona com a música. “O meu professor de guitarra flamenca em Espanha, o Manolo Sanlúcar, que é um grande guitarrista, tem um álbum que se chama “Tauromaquia”. Este disco é uma obra-prima da guitarra flamenca. Nesse disco ele percorre os vários passos da corrida à espanhola e descreve desde a muleta até ao capote, à saída em braços. Faz uma coloração musical impressionante. Marcou-me muito a mim tê-lo escutado. A arte equestre tem tudo a ver com a música”. O que também marcou o guitarrista foi a feira de cavalos da Golegã. “Todos os anos ia à Golegã, fazia questão. Trouxe de lá muitas recordações”, conta. Também o livro Gaibéus de Alves Redol, ocupa um lugar destaque na biblioteca do músico. “Sou um grande aficionado do neo-realismo: Manuel da Fonseca e Alves Redol são referências. Também gosto do cinema neo-realista.”Pedro Jóia diz que não é fácil ser-se músico instrumentista em Portugal, mas diz que não se pode queixar. Aplaude instituições como o Ateneu Artístico Vila-franquense, os conservatórios regionais e as bandas filarmónicas. Quanto ao futuro Pedro Jóia já tem alguns projectos. Um novo álbum e porque não uma nova casa? “Só não venho morar para o Ribatejo porque a minha filha está em idade escolar e não a posso ir levar todos os dias à escola. Mas está nos meus planos um dia sair de Lisboa”.Pedro Jóia nasceu em 1970, em Liège (Bélgica). Aos sete anos iniciou os estudos de Guitarra Clássica na Academia dos Amadores de Música. Mais tarde inscreveu-se no Conservatório Nacional, onde concluiu o curso de Guitarra Clássica em 1990. Em 1986 iniciou estudo de Guitarra Flamenca em Espanha com os guitarristas Paco Peña e Manolo Sanlúcar. Jacarandá, Sueste, Variações sob Paredes e Guadiano foram os álbuns que precederam “À Espera de Armandinho”.Laginha e Sassetti em concertoEm anos anteriores o Prémio Carlos Paredes, iniciativa da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, distinguiu os pianistas Mário Laginha e Bernardo Sassetti que no sábado estiveram presentes na entrega do prémio ao guitarrista Pedro Jóia que arrecadou a distinção em 2008. Depois da cerimónia de entrega de prémio os dois pianistas brindaram o anfiteatro do Museu do Neo-Realismo, que esteve ao rubro, com seis temas. “A menina e o Piano”, de Mário Laginha, “Sonho dos outros”, de Bernado Sassetti e “Vampiros”, “Venham mais cinco”, “Era um redondo vocábulo” e “Traz um amigo também” de Zeca Afonso soaram no espaço do museu.Um prémio para promover Vila Franca de XiraSegundo a vereadora da cultura de Vila Franca de Xira, Conceição Santos, o Prémio Carlos Paredes, além de distinguir virtuosos da música instrumental e homenagear o guitarrista, pretende “projectar aquilo que é o concelho de Vila Franca de Xira e a sua cultura”. A vereadora refere ainda que os músicos do concelho não são esquecidos, pelo contrário. “Em Vila Franca de Xira há lugar para todos. Os músicos daqui têm também o seu lugar. Temos várias iniciativas para que possam apresentar os seus próprios trabalhos”. A vereadora salienta ainda que a cultura musical é um todo e faz-se quer através dos músicos do concelho quer através daqueles cujos nomes tem uma projecção maior.
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