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Ser bombeiro foi um sonho de menino que se tornou realidade

Ser bombeiro foi um sonho de menino que se tornou realidade

Luís Valadas é um dos 23 profissionais do quartel dos Voluntários de Alverca

Ajuda os outros por vocação e dedicação, mas já teve alguns sustos. Como daquela vez em que lhe apontaram uma arma à cabeça.

Luís Filipe Meda Costa Valadas tem 27 anos. Nasceu na Covilhã e mudou-se para Alverca do Ribatejo com apenas 16 anos. Tirou o 7º ano de escolaridade e, logo a seguir, chegou a trabalhar numa oficina de camiões. Estava longe de fazer o que realmente gostava. Certo dia decide inscrever-se como voluntário nos Bombeiros de Alverca. Fez os testes físicos e foi aceite. Desde então foi raro o dia em que não pôs os pés no quartel. “Quando entrei para os bombeiros concretizei um sonho de menino, era aquilo que gostava, que sempre quis fazer”, diz.Há dez anos a esta parte que Luís Filipe Valadas é bombeiro profissional. “A um dado momento, estava inscrito no fundo de desemprego e os bombeiros convidaram-me para fazer parte do corpo activo permanente dos bombeiros. Disse logo que sim”, recorda. Desde que se profissionalizou, Luís Filipe Valadas faz do socorrismo o seu modo de vida. “Só vou aos fogos em último caso”. Tem uma folga por semana, sempre rotativa, e trabalha oito horas diárias. Cabe-lhe a função de transportar doentes para a fisioterapia, para o hospital ou para as urgências e compete-lhe ainda socorrer as vítimas dos acidentes. “As pessoas reconhecem muito o meu trabalho e são muito solidárias, mas, como em tudo na vida, há sempre umas que reconhecem mais do que outras”, explica o bombeiro socorrista. Diz que financeiramente a sua profissão compensa, mas que a maior recompensa de todas é chegar a casa à noite e ter a consciência de que foi útil e ajudou os outros, servindo bem a comunidade. Mas Valadas reconhece que está numa profissão de risco. “É uma profissão de risco e sobretudo muito exigente. Para estarmos aqui precisamos de ter muito amor à camisola”. Além disso, um bombeiro deve sempre zelar pelo seu bem-estar físico. “Para estarmos preparados para as situações que nos aparecem à frente, é muito importante fazer-se ginástica e exercício físico”, conta.O quartel é, para Luís Filipe Valadas, o sítio propício para se fazer amigos. “A nosso profissão exige muito companheirismo e trabalho de equipa. Se isso falha, o resto falha também”, explica. O episódio que mais marcou o jovem bombeiro é recente. Passou-se há cerca de cinco, seis meses. Valadas e um colega foram chamados para socorrer uma agressão. Julga-se que tenha sido um vizinho do agressor a chamar os soldados da paz. Quando Luís Filipe Valadas e o colega chegaram ao local depararam-se com uma jovem mulher. Tinha levado uma facada de um homem, que entretanto se tinha fechado no quarto com outra mulher e uma pistola. Quando saiu do quarto, o agressor, apontou a arma aos dois bombeiros socorristas. A tensão foi enorme. Minutos depois, o homem voltou para o quarto e os bombeiros agarraram na vítima e fugiram daquela casa. Foi a primeira vez que Valadas precisou de apoio psicológico. “Tive de receber ajuda. Foi uma coisa que mexeu muito comigo. Andei perturbado um bom par de semanas”, refere. Em 10 anos de profissão nunca ninguém lhe morreu nas mãos. E diz que por muita formação e experiência que se tenha nunca ninguém está bem preparado para isso. Nem mesmo um bombeiro profissional.
Ser bombeiro foi um sonho de menino que se tornou realidade

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