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Ramalho Eanes diz que é urgente acabar com o poder das “grandes corporações”

Ramalho Eanes diz que é urgente acabar com o poder das “grandes corporações”

Ex-Chefe de Estado aponta o dedo a sectores como a saúde, a educação e a justiça
O primeiro Presidente da República eleito após a revolução de 25 de Abril de considera que desde esse momento histórico, “salvo algumas excepções, sempre tivemos um Estado fraco e governos muito fracos”. O que, na perspectiva do general Ramalho Eanes, permitiu que subsistemas sociais como a educação, a saúde e a justiça se constituíssem em “grandes corporações” que tendem mais a defender os seus membros do que o interesse público.“É preciso mudar esta situação muito rapidamente”, defendeu Ramalho Eanes na noite de sexta-feira em Santarém, numa conferência promovida pela concelhia local do PS. O orador tem consciência que afrontar essas “corporações” pode desencadear “reacções violentas”, mas considera “necessário que esses subsistemas regressem à sua funcionalidade original e virtuosa”.No encerramento do ciclo de conferências “As raízes falam, falam as raízes”, abordando “o papel da sociedade civil na construção da unidade europeia e na recuperação do País num quadro promissor e ameaçador da mundialização”, Ramalho Eanes defendeu a “indispensável” comunhão entre “educação, informação e ética” e a mobilização da sociedade civil.Assumindo-se um crítico contundente do “liberalismo radical”, do “deslumbramento consumista” e do individualismo – factores que no seu entender conduziram à actual crise -, Ramalho Eanes acredita que Portugal tem futuro se houver concertação entre a sociedade civil e o Estado. Embora reconheça que “um dos nossos grandes problemas é faltar-nos um ideal colectivo para empenhadamente avançarmos”. E que “somos mais dados a esperar com resignação a fatalidade do que a arrepiar vontade e engenho na descoberta de oportunidades”.Perante um auditório da Escola Superior Agrária bem composto, o ex-Chefe de Estado declarou ainda ser indispensável “despertar os intelectuais”. Porque são eles que ajudam a despertar a sociedade civil e à queda de corporativismos particulares e financeiros. “Cabe-lhes explorar, explicar, debater o futuro e criar utopias norteadoras de mobilização”, Por uma união política na EuropaRamalho Eanes considera também “urgente que a União Europeia seja uma união política real e não apenas uma unidade económica como tem sido até agora”. “A União Europeia tem de fazer-se politicamente, é necessário que não seja uma união só económica mas cultural e social, e, quando ela for assim, poderá competir geo-economicamente, geopoliticamente, geoculturalmente e geomilitarmente com todo o resto do mundo e poderá ser aquilo que se tem chamado muitas vezes de uma potência tranquila”, referiu.Segundo Eanes, “a Europa é um lugar do mundo em que a experiência histórica é multifacetada, rica em sucessos e grandes desaires, e pode ser uma potência que ajude dialogadamente a resolver os conflitos, a equilibrar os grandes poderes e as suas tendências hegemónicas naturais”.
Ramalho Eanes diz que é urgente acabar com o poder das “grandes corporações”

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