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Paulo Torrezão

Paulo Torrezão

43 anos, Bombeiro Salvaterra de Magos

“Na minha família, na noite de Natal, comemos entrecosto e depois o bacalhau com couves. Não me posso dar a grandes extravagâncias. As pessoas deviam manter a tradição. A nova geração mudou muita coisa na cultura e na nossa forma de estar. Em alguns locais, a tradição está a perder-se. Há quem coma comida japonesa na consoada.”

Acredita nas Unidades de Saúde Familiar?Acredito. Só não acredito na nossa tendência para querer resolver as coisas à pressa. Maçamos os médicos de família por coisas sem importância fazendo com que as mais importantes tenham de esperar. Quando vim morar para o Ribatejo, residi primeiro em Benavente e ainda tenho médico de família no Porto Alto. Os ribatejanos são pessoas solidárias?São. Os ribatejanos preocupam-se uns com os outros e são capazes de se sacrificar pelo próximo. No caso dos bombeiros, que conheço melhor, são exemplares. Se tivesse de mudar de emprego o que escolheria?Aquele que tenho (risos). É difícil pensar noutro. Eu não mudava nada do que fiz na vida, nem mesmo as coisas erradas. Não me arrependo. Entrei nos bombeiros em 1979, com 14 anos, e para mim, as corporações são das mais valias que o mundo tem. É preciso ter amor ao próximo. E não são as habilitações literárias que fazem de alguém um bom profissional em qualquer área. É preciso gostar do que se faz e estar disposto a dar muito.As compras de natal estão feitas?Não, nem sei se as vou conseguir fazer. Tenho de ver como as coisas correm. Vai ser um Natal de contenção. Contenção a sério. Que vai comer na consoada? Na minha família, na noite de Natal, comemos entrecosto e depois o bacalhau com couves. Não me posso dar a grandes extravagâncias. As pessoas deviam manter a tradição. A nova geração mudou muita coisa na cultura e na nossa forma de estar. Em alguns locais, a tradição está a perder-se. Há quem coma comida japonesa na consoada. Já sentiu a crise?Com quatro filhos devo ser daqueles que mais sentiu a crise até agora. Nota-se em tudo, até na vontade de trabalhar. Quanto mais trabalhamos, menos temos. A crise é completa. Gostava de ver os professores avaliados pelo modelo proposto pelo Governo?Tenho um filho a trabalhar, outro na universidade e dois na escola. E agora estou a tirar o 12º ano. Posso falar do assunto. É difícil avaliar e ser avaliado. Se as pessoas estão a dar aulas, partimos do princípio que podemos confiar nelas para a função que estão a desempenhar. Já foram avaliados enquanto estavam a estudar, para poder dar aulas. À partida, não será preciso mais nenhuma avaliação. Como vamos fazer quando acabar o dinheiro da União Europeia?É assunto que não me preocupa. A única coisa que sei é que se não formos nós a trabalhar para o nosso bem, não chegamos a lado nenhum. Não vamos receber ajudas de ninguém.
Paulo Torrezão

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