
Casa Memória Lopes-Graça inaugurada a 13 de Dezembro
Iniciativa assinala mais um aniversário do nascimento do compositor
A Câmara Municipal de Tomar inaugura dia 13 de Dezembro, sábado, pelas 16 horas, a “Casa Memória Lopes-Graça”, no centro histórico da cidade, na rua Joaquim Jacinto.A autarquia pretende que o espaço se assuma como um complemento dos núcleos museológicos de arte e cultura contemporâneos já existentes na cidade, contribuindo para a afirmação e divulgação de Tomar.A “Casa Memória Lopes-Graça” divulga a figura do compositor e intelectual nascido em Tomar a 17 de Dezembro de 1906. As comemorações do aniversário do seu nascimento, têm início na sexta-feira, dia 12 a partir das 21h30, com um concerto no Cine-Teatro Paraíso, por Duarte Lamas (guitarra) e Ana Carina (flauta transversal) que interpretam obras de Lopes-Graça e de outros autores contemporâneos. No sábado, 13, pelas 15 horas, realiza-se uma sessão solene, ao que se segue a inauguração e abertura da “Casa Memória Lopes Graça”. Pelas 17 horas, nos Lagares d’El Rei, é feito o lançamento de uma banda desenhada sobre o compositor e a apresentação do CD “Danças e Rondas Infantis”. Pelas 18 horas, os alunos da Escola de Música da Canto Firme protagonizam um mini-concerto intitulado “História, Historinha”. No domingo, dia 14, tem lugar um encontro de coros do concelho de Tomar, a partir das 15 horas nos Lagares d’El Rei. Nos dias 15 e 16 estão previstas um conjunto de sessões pedagógicas para alunos de escolas do 1.º e 2.º ciclos e na quarta-feira, 17, pelas 18h30, realiza-se o “Sarau Breves de Lopes-Graça”, com audição comentada de música de Lopes-Graça e exibição de um filme sobre o compositor. Perfil de um vulto da nossa culturaNascido em Tomar, em 1906, Fernando Lopes-Graça iniciou os seus estudos musicais na sua cidade natal, tendo-os concluído no Conservatório Nacional de Lisboa, que frequentou entre 1923 e 1931. Nessa instituição foi discípulo de piano dos professores Adriano Merea e José Viana da Mota. Estudou composição com Tomás Borba, e ciências musicais com Luís de Freitas Branco. Frequentou ainda o curso de Letras das Universidades de Lisboa (1928-31) e de Coimbra (1932-34), embora não chegasse a conclui-lo. As primeiras obras do seu catálogo foram apresentadas em Lisboa em concertos organizados em colaboração com outros colegas do Conservatório, na mesma época em que iniciava um notável trabalho como cronista musical, manifestando um raro talento literário e uma ampla cultura. Foi para Paris em 1937 onde frequentou o curso de Musicologia da Sorbonne, assistindo às aulas de Paul-Marie Masson, e teve alguns contactos com o compositor Charles Koechlin. Em Paris compôs várias obras para piano, a música para o bailado realista La Fièvre du Temps e realizou as suas primeiras harmonizações para voz e piano de canções tradicionais portuguesas. Uma parte da sua produção derivou num “nacionalismo essencial”, nas suas palavras, caracterizado pelo tratamento do material retirado da música tradicional e pela assimilação dos seus rasgos harmónicos, melódicos e rítmicos. Regressou a Lisboa em 1939, tendo retomado a sua actividade como cronista musical, musicólogo e professor e iniciando o seu labor como organizador de concertos e maestro coral. Após a Segunda Guerra Mundial, grande parte da actividade de Lopes-Graça foi determinada pela sua participação no Movimento de Unidade Democrática, assim como no PCP, do qual se tornou militante na década de 40. É de 1945 o início da composição das célebres Canções Heróicas, canções de intervenção que Lopes-Graça, apesar da proibição que pesava sobre a sua execução pública, continuou a compor até 1974, e inclusive em anos posteriores. O fim da sua actividade pedagógica na Academia de Amadores de Música, em 1954, foi consequência de um despacho ministerial que anulou a sua autorização para dar aulas em instituições privadas de ensino. O seu encontro com Michel Giacometti data de fins da década de 50, quando após um primeiro encontro pessoal ambos deram início a um trabalho conjunto que se manteve durante décadas. O primeiro fruto desta colaboração nasceu em 1960, ano em que foi editado o primeiro volume discográfico da colecção “Antologia da Música Regional Portuguesa”, dedicado à região de Trás-os-Montes. Ambos, em 1981, editaram no Círculo de Leitores, o Cancioneiro Popular Português.O fim do Estado Novo traduziu-se no reconhecimento oficial da importância de Lopes-Graça para a cultura portuguesa através de diversas homenagens e encomendas estatais. Faleceu em Cascais em 1994.(Baseado num texto de Teresa Cascudo publicado no site do Instituto Camões)

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