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Reforçada a ligação da família Lobo Antunes a Torres Novas

O neurologista pediátrico apresenta dia 12 de Dezembro o livro “Sinto Muito”

O auditório Biblioteca Gustavo Pinto Lopes, em Torres Novas, recebe um dos seis irmãos Lobo Antunes, Nuno, que ali apresenta um livro de crónicas sobre dor, sofrimento e amor.

A pouco e pouco Torres Novas vai estreitando laços com a família Lobo Antunes. Primeiro foi Pedro Lobo Antunes, o arquitecto que integrou a cooperativa “Comunal” de Árgea, após o 25 de Abril de 1974, foi um dos primeiros técnicos do Gabinete de Apoio Técnico (GAT), que dava apoio às autarquias da zona e que é actualmente vereador da câmara Municipal pelo PS. Já este ano a câmara aprovou os termos de um acordo a celebrar com o escritor António Lobo Antunes para a cedência do seu acervo literário. No dia 12 de Dezembro, a partir das 21h00, a cidade recebe, no auditório da nova biblioteca, Nuno Lobo Antunes, o quinto dos seis irmãos Lobo Antunes, neurologista pediátrico e autor do livro “Sinto Muito”.Sobre o livro que apresentará em Torres Novas - constituído por crónicas que foi publicando e por outras que nunca tinham sido publicadas - diz o autor que são histórias da vida real, que relata de coração aberto e que falam do melhor que a humanidade tem para oferecer, a coragem e o amor. Através dele, Nuno Lobo Antunes fala das angústias de um médico que é obrigado a lidar com a morte de crianças e seguir em frente.O irmão que fala poucoNo livro “Conversas com António Lobo Antunes” da autoria da jornalista espanhola Maria Luísa Blanco, o escritor António Lobo Antunes faz várias referências ao seu irmão Pedro Lobo Antunes, vereador da câmara de Torres Novas e diz que apesar da amizade e cumplicidade que existe entre todos os seis irmãos, talvez seja com ele que tem uma relação de maior confiança. “O meu irmão Pedro é arquitecto. Não fala nada, nada. Só sorri, mas não fala. E quando estou com ele, nenhum dos dois diz nada e tenho a impressão de que disse muitas coisas, de que falámos muito. Mas sei que isso não é frequente. Quando Pedro era pequeno, os meus pais estavam preocupados porque não falava. Aos cinco anos levaram-no a um psiquiatra. Depois de muitas perguntas, o psiquiatra perguntou-lhe: “Porque não falas?”. E ele respondeu:”Para quê? Até agora está tudo bem.” (…) “Pedro não fala, mas gosta de convidar os amigos e de cozinhar para eles. Estávamos na praia e periodicamente ele fazia jantares para muita gente. Era ele que cozinhava. É paradoxal que seja tão sociável e que fale tão pouco.”Pedro Lobo Antunes veio para Árgea, concelho de Torres Novas, em Novembro de 1974. Juntamente com elementos de organizações de extrema-esquerda fundou uma cooperativa agrícola chamada “Comunal” que acabaria em Janeiro de 1976 após uma intervenção da GNR. Durante esse período, para além de fazer trabalhos agrícolas, deu aulas no liceu do Entroncamento. Após o fim da cooperativa foi trabalhar para o GAT (Gabinete de Apoio Técnico) de Torres Novas. Casa da Literatura e casa para António Lobo AntunesO executivo da câmara municipal de Torres Novas aprovou a 31 de Janeiro deste ano a minuta do “contrato de comodato” a assinar com o escritor António Lobo Antunes para utilização do seu acervo literário na criação da Casa da Literatura, que a autarquia pretende instalar no actual edifício dos Paços do Concelho, quando os serviços autárquicos forem transferidos para as instalações do antigo hospital no convento de S. Francisco.O protocolo, aprovado por unanimidade em reunião privada do executivo camarário (o irmão do escritor, o vereador Pedro Lobo Antunes (PS) não participou na votação) prevê a cedência do acervo de Lobo Antunes - “primeiras edições de obras da sua autoria, manuscritos e objectos pessoais, fotografia, pinturas, biblioteca pessoal, bem como prémios e condecorações” - por um período de 20 anos.Como contrapartida pela cedência do espólio, o município cede, a título de empréstimo, para habitação de António Lobo Antunes, o edifício onde funcionou a escola do 1.º ciclo de Almonda e assume a responsabilidade de adaptação do espaço, refere a alínea 9.1 do contrato de comodato aprovado. Que, mais à frente (alínea 9.4) ressalva o facto de o edifício escolar em causa ficar sempre propriedade do município.

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