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João Aranha

João Aranha

44 anos, médico

Nasceu na Chamusca a 26 de Março de 1964, onde reside com a esposa e os dois filhos, uma rapariga de 13 anos e um rapaz de 9. Resolveu ser médico quando já era adolescente, devido ao gosto que tinha desenvolvido pela área das ciências. Mais tarde tirou a especialidade de dermatologia. Fundou a Ribaclínica na Chamusca. Diz que quando inicia um projecto, não desiste.

Em pequeno queria ser ciclista. Só decidi que queria ser médico aos 17 anos. Achei que teria mais jeito e sucesso na área das ciências. Mas não me lembro de ter uma profissão definida escolhida. Era bom aluno mas obtive os melhores resultados a partir do 9.º ano. Senti que tinha que me esforçar mais. Não tenho ninguém que seja médico na família. Preocupam-me os efeitos ambientais na saúde das pessoas. Por exemplo, na Chamusca há uma estação meteorológica que mede o nível de ozono. Está sempre elevado e quase não se fala disso. Os nitratos na água são outra preocupação relevante e, recentemente, a questão do arsénio na água na Parreira, que aparentemente está resolvida. O impacto destes problemas na saúde pode aparecer mais tarde. Fala-se muito no ambiente mas fala-se pouco nas questões de saúde pública. Trabalho muito com idosos. Têm muitos problemas de pele, no dorso das mãos ou nas faces, devido à exposição prolongada ao sol nos tempos em que trabalhavam no campo. Especializei-me em Dermatologia porque queria tirar uma especialidade médica que não fosse muito cirúrgica, embora esta também tenha essa vertente. Estava entre duas ou três de que gostava e o Hospital de Santarém, onde me encontrava, tinha (e tem) um serviço de Dermatologia muito bom. Tive oportunidade de aprender uma especialidade de que gostava com excelentes profissionais. Tenho uma vida muito preenchida mas gosto de trabalhar. O meu dia começa às sete da manhã e acaba às dez da noite. Ao sábado dou consultas até às três. Também trabalho, pela empresa, em Tomar e Torres Novas. E faço 28 horas por semana no Hospital de Santarém. Quando me meto num projecto é para o levar até ao fim. Sou muito determinado. Trabalho há 12 anos na Chamusca. Vim porque aceitei a prosposta de um colega meu, que não era daqui, para abrir um consultório, a Ribamédica que hoje é a empresa Ribaclínica. Conhecendo a dimensão da terra, tinha receio que não resultasse. Mas resultou. Quando começamos éramos três médicos que antendiam numa sala. Entretanto, houve a oportunidade de ampliar o consultório para três salas. Hoje trabalham na Ribaclínica dez médicos de várias especialidades, que se juntaram a este projecto. Não podemos descansar à sombra do que conquistámos. Os resultados dependem do nosso empenho permanente. Neste trabalho é preciso espírito de sacrifício, fisíco e mental. Acho que temos um bom contacto com as pessoas que sabem reconhecer a nossa correcção e dedicação. Foi assim que conseguimos nome. No início as coisas não foram simples. Com o tempo e com a persistência os resultados acabaram por aparecer. Para mim não é difícil ser médico numa vila pequena. É comum as pessoas abordarem-me na rua mas, como em qualquer profissão, são os ossos do ofício. Tenho consciência que tenho algumas contrariedades devido à profissão que exerço mas convivo bem com isso. Os mais jovens vão trabalhar para fora da Chamusca. Eu gosto de viver aqui mas isto está a morrer um bocadinho. A economia local está em baixo. Tenho pena que seja assim porque a qualidade de vida que eu tenho não vai ficar para as gerações futuras. Nos tempos livres gosto de ler e leio. Gosto de praticar exercício físico e a Chamusca tem boas condições para esta prática. Vou, muitas vezes, com a família dar umas voltas de bicicleta ou faço umas caminhadas a pé. Também jogo futebol e basquetebol. Elsa Ribeiro Gonçalves
João Aranha

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