Adoro este espírito natalício que já paira no ar, o ar de felicidade das criancinhas nos hipermercados perante os himalaias de brinquedos à escolha, o brilho guloso nos olhos das senhoras que, de cartão de crédito em riste, avançam destemidas lojas adentro com ar de quem vai levar meia colecção. Adoro o subsídio de Natal, o bacalhau com couve portuguesa, o peru e as rabanadas, a missa do galo e a fogueira à volta da qual se bebe vinho do Porto. A EDP adora a energia que se gasta nas iluminações. As oficinas e os sucateiros deliram com a quantidade de chapa amolgada que se arranja nas nossas estradas. E este ano há um motivo acrescido para me embevecer com esta quadra luminosa: saber que as garrafas e presuntos que habitualmente chegam à Câmara de Santarém por esta altura vão ser entregues a organizações de assistência social. O Natal quando nasce é para todos. E o melhor sinal da democratização do espírito natalício é regar a consoada de um sem abrigo com um Barca Velha. Dar-lhe salmão fumado ou queijo da serra para afinar o palato e no final espetar-lhe com um charuto em cima. Só por isso Moita Flores já merecia o meu voto nas próximas eleições. Onde é que se encontra um homem que abdique de prazeres tão requintados a favor dos mais desvalidos? Onde é que há outro ser que pague viagens a Cuba a cidadãos que têm problemas de visão? Que dê música e foguetes nas passagens de ano? Mais que um autarca, ele é uma espécie de Pai Natal que escreve livros e faz comentários na TV. Só lhe faltam as renas e o fato vermelho. Porque as barbas brancas já tem.Além disso, o homem está numa forma imparável. Vê lá tu que só esta terça-feira organizou três cerimónias públicas na câmara para anunciar outras tantas iniciativas. Ele é a passagem de ano, ele é a escritura de um terreno para a escola profissional, ele é a criação de um centro de apoio à imigração. O vereador do PSD na Câmara de Vila Franca de Xira, Rui Rei, que se ponha a pau. Porque não tarda está a ser batido aos pontos na convocação de conferências de imprensa e sessões do género.Manel, tendo em conta o espírito da quadra que se aproxima, anuncio solenemente nesta modesta rubrica que farei tudo o que estiver ao meu alcance para resolver de vez a questão de avaliação dos professores. Ou melhor, das professoras. Se o Governo e os sindicatos quiserem eu posso tratar disso sem cobrar. Não tem nada que saber: basta enviarem-me fotos de corpo inteiro das avaliandas em vestido de noite, em biquini e com traje típico regional que na volta do correio mando o resultado da avaliação. E para que não haja confusões os critérios são simples: quanto mais generosas forem as curvas das docentes mais generosa será a avaliação do Serafim.Saudações festivas do Serafim das Neves