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Candidatura para recuperar Casa dos Patudos em Alpiarça

Tomei contacto pela primeira vez com a Casa Museu dos Patudos em 2001, como investigadora, aquando da organização no Museu da Música de Lisboa, de uma exposição biográfica de Michel'angelo Lambertini, criador do primeiro Museu Instrumental português e amigo de José Relvas. Após a exposição mantive-me a consultar o epistolário de José Relvas até meados do corrente ano. Sinto-me, pois, conhecedora das possibilidades versus funcionamento da Casa Museu dos Patudos, habilitada e até obrigada a dizer o que penso sobre este assunto.  A recuperação arquitectónica e a remodelação dos espaços museológicos da Casa Museu dos Patudos são, sem a menor sombra de dúvida, importantes e urgentes. Contudo, no meio do entusiasmo provocado pela possibilidade de arejar a casa, convém não esquecer que um serviço público é feito com pessoas. Convém igualmente não esquecer que a qualificação e a adequação dessas mesmas pessoas ao trabalho a desempenhar num museu - como em qualquer outro serviço - é a chave para o seu sucesso, quer na comunicação com o exterior, quer na conservação e preservação do património, que, neste caso, é certo, engloba também o edifício. Em síntese, basta usar a sensibilidade e bom senso para reconhecer  a falta que a Casa Museu dos Patudos tem, de um staff qualificado e permanente, principalmente de um conservador e técnicos de museologia, arquivo e biblioteca, que não flutuem com as mudanças políticas da autarquia, que possam desenvolver um trabalho metódico e sistemático por meio do estudo e inventário bem documentado do acervo legado por José Relvas. Que o possam fazer à margem das eleições, prestando contas apenas pela qualidade do seu trabalho, sendo avaliados apenas pelas instituições e pessoas competentes para o fazer.Só tornando possível o estudo sério se podem possibilitar as duas vertentes necessárias a qualquer museu, ao nível dos conteúdos, que é a científica e a ficcionada. Não se constrói ficção de qualidade e rica com base em boatos e suposições. Também não se protege o património sem a catalogação e o estudo do mesmo. E também não se consegue rentabilizá-lo sem ter ao dispor conteúdos apelativos e sólidos para a sua exposição e divulgação, ou seja, voltamos ao ponto anterior.Concluindo, assim como se conseguem milhares de euros para obras de vulto também se podem conseguir verbas, bem mais modestas, para manter uma equipa a trabalhar na casa, no fundo, a dar-lhe real existência. Temos só que aceitar a verdade milenar: as obras tornam o regime visível mas as pessoas fazem-no funcionar.Ana Paula Tudel

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