Nervosismo e ansiedade não faltaram nos momentos que antecederam o musical “Jesus Cristo Superstar”, interpretado por cerca de quatro dezenas de alunos de patinagem do União Desportiva Vilafranquense (UDV). O espectáculo realizou-se a 26 e 27 de Dezembro, no pavilhão José Mário Cerejo, em Vila Franca de Xira.O corrupio nos bastidores, improvisados nos dois balneários do pavilhão, foi grande na sexta-feira, 26, noite de estreia. Em cima dos patins as jovens artistas – participou apenas um aluno que interpretou o rei Herodes – correm de um lado para o outro para descontrair e perceber se não há nenhum problema nem atraso. Algumas vão junto do palco perceber se existe ou não muita agitação nas bancadas. “Não acredito, o pavilhão está cheio de gente”, diz Marta, visivelmente ansiosa.Com idades compreendidas entre os cinco e os 21 anos, as alunas mais velhas tentavam acalmar as mais novas. Para muitas o primeiro musical em que participaram. “Estou um bocadinho nervosa porque tenho medo de cair durante o espectáculo ou enganar-me nos passos que tenho que fazer”, diz Joana, seis anos.Jesus Cristo Superstar é uma adaptação do filme e do musical da Broadway com o mesmo nome. Conta a história dos últimos dez dias de vida de Jesus Cristo através do olhar de Judas. Um sonho antigo da professora de patinagem do UDV, Cristina Marques. “Vimos o calendário de provas e percebemos que seria complicado avançar com o musical, mas depois de conversarmos decidimos arriscar e em tempo recorde – pouco mais de um mês – ensaiamos e colocamos o espectáculo de pé. Os alunos queriam fazer um espectáculo porque é isto que os motiva e une e decidimos avançar”, explica.Os três personagens principais são interpretados pelas três alunas mais velhas e experientes do UDV. Inês Gigante (16 anos), Catarina Cardiga (21 anos) e Cláudia Matos (20 anos) vestem a pele de Jesus Cristo, Maria Madalena e Judas, respectivamente. Todas começaram a patinar em crianças e participam em campeonatos regionais, nacionais e europeus. Foi com grande entusiasmo que receberam a notícia de que iriam representar este musical. “É um trabalho completamente diferente daquilo que fazemos ao longo de uma época. Durante o ano trabalhamos mais individualmente porque este é um desporto individual. E com estes musicais temos a oportunidade de trabalhar em conjunto o que desenvolve imenso o trabalho de equipa e a coesão do grupo”, afirma Cláudia Matos.Com um percurso semelhante no mundo da patinagem Inês, Catarina e Cláudia vivem na zona da grande Lisboa. Foram treinar para o UDV quando os seus clubes sedeados na capital fecharam portas e decidiram ir atrás da professora Cristina com quem trabalham desde o início. As jovens lamentam a falta de apoios para os desportos que não são considerados de topo.“É lamentável que só dêem destaque ao futebol. Temos grandes atletas que venceram campeonatos do mundo ou europeus em patinagem e não há uma única notícia na comunicação social. Os clubes terminam com as equipas de patinagem porque, dizem, não compensa o investimento feito. O problema não é a modalidade mas as pessoas que não apostam nela”, assegura Cláudia Matos, enquanto as companheiras corroboram com a sua opinião.