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União Desportiva de Chamusca está de volta ao serviço da população jovem

União Desportiva de Chamusca está de volta ao serviço da população jovem

O clube esteve quase a cair no abismo mas um grupo de sócios conseguiu evitar a queda

Depois de um período áureo o União Desportiva de Chamusca esteve a um passo de cair no abismo. Só a disponibilidade de um grupo de cinco associados, organizados numa comissão administrativa conseguiu evitar a queda e revitalizar o clube, que hoje tem cerca de uma centena de pessoas a praticar desporto.

Quando em 1989 um grupo de chamusquenses tomou a iniciativa de fomentar a união do Juventude Chamusquense, Sporting Clube Chamusquense (filial do Sporting Clube de Portugal) e Sport Lisboa Chamusca, (filial do Sport Lisboa e Benfica) para criar a União Desportiva de Chamusca, ficou a esperança de conseguir uma colectividade forte no universo do concelho da Chamusca.A esperança não foi nem é ainda um fiasco, com altos e baixos, o clube tem conseguido sobreviver e manter acesa a chama do desporto. O futebol, o basquetebol, a ginástica, a natação e mais recentemente o triatlo, movimentaram sempre algumas centenas de atletas.O futebol foi sempre a modalidade de referência, mas o basquetebol chegou a ser a mais premiada e a mais conhecida a nível nacional. Mas numa altura mais conturbada saiu do clube e emancipou-se tornando-se numa das melhores escolas do distrito de Santarém.Nos últimos 10 anos, o União viveu alguns momentos muito fortes. Numa altura em que o clube vivia a braços com uma acção de despejo da sua sede social, apareceu uma direcção que tomou em braços a compra do edifício. Com grandes sacrifícios e com a ajuda da Câmara Municipal da Chamusca, conseguiram fazer a aquisição e alguns melhoramentos na estrutura.Quando tudo estava pago e já com vários anos à frente dos destinos do clube, essa direcção saiu, e foi substituída por um grupo de dirigentes presidido por Fernando Milheiro, um homem que se voltou para o futebol sénior e negociou a saída do basquetebol.Fernando Milheiro apostou também em desenvolver um projecto, que vinha da anterior direcção, que dotou o clube e o concelho da Chamusca de um campo de futebol que é o orgulho dos desportistas de todo o concelho. Ao mesmo tempo apostou na criação de uma equipa de futebol sénior de qualidade. De tanta qualidade que facilmente se via que seria difícil de manter num concelho com tão poucas possibilidades de apoios como é a Chamusca.Foi por isso que, em Julho, pouco antes do início da época 2008/2009, quando já haviam jogadores e treinadores contratados, Fernando Milheiro e os seus pares na direcção resolveram, de um momento para o outro, acabar com tudo e apresentar a demissão.Cinco homens com coragem para formar uma comissãoadministrativaA altura anunciada pela direcção chefiada por Fernando Milheiro para abandonar o clube, foi demolidora. Os prazos para fazer as inscrições das equipas de seniores e juniores (que militava na primeira divisão distrital) estavam a terminar, e desde logo o ainda presidente garantia que não iam tomar qualquer decisão desportiva. “Ficamos em gestão até encontrar nova direcção, mas não tomamos qualquer decisão sobre a parte desportiva”.O timing da tomada desta decisão foi quase a dizer que era para fechar o clube. O então presidente da assembleia-geral, José Braz, esforçou-se para encontrar sócios para levar o clube por diante. Debalde o tempo foi passando e ultrapassou os prazos de inscrição das equipas de seniores e juniores, que ficaram assim arredadas da participação nos campeonatos distritais.Foi então que apareceu um grupo de cinco sócios, Eurico Peixinho, Manuel João Aranha, António Timóteo, Joaquim Luís Condeço e Luís Paulo Costa e Silva, dispostos a tomar as rédeas do clube para que não fechasse sem honra nem glória.Não foi fácil a sua eleição. Fernando Milheiro, que na altura era muito criticado pela forma como tinha tomado a decisão de abandonar o clube, sentia-se injustiçado. Afinal tinha sido ele o grande obreiro da construção do novo estádio, e também quem tinha levado a equipa de futebol sénior aos melhores resultados até aí alcançados. Não se predispôs a grandes explicações, que o grupo dos cinco pretendia antes de avançar. As coisas estiveram difíceis.Mas acabaram por avançar, principalmente para que o União Desportiva de Chamusca não morresse, e sobretudo para que as novas e modelares instalações do campo de futebol não ficassem fechadas. E numa assembleia realizada no dia 19 de Setembro, a comissão administrativa foi eleita.Obras na sede e no pavilhão de apoio ao campo de futebolA comissão administrativa do União da Chamusca enquanto continua a reorganizar o clube não quer descurar o bem-estar dos sócios, dos jovens jogadores e dos pais que os acompanham nos treinos. Para isso vai levar a efeito obras na sede e no pavilhão de apoio ao campo de futebol.“A sede não reúne, neste momento, as condições mínimas para a frequência de associados e mesmo para o trabalho dos dirigentes. Vamos encerrá-la, elaborar um projecto, procurar financiamento e efectuar obras de fundo. Queremos que os sócios se orgulhem da sede e não vamos poupar esforços para a tornar condigna”, disse Joaquim Luís Condeço.No que diz respeito às obras no pavilhão de apoio, elas consistem principalmente na construção de um pequeno bar interior, arranjo do piso, alargamento das janelas com vista para o terreno de jogo. “Vamos depois trazer para aqui os jogos que se encontram na sede”.A ideia dos dirigentes dar condições para que os jovens jogadores quando vêm para os treinos não fiquem na rua à espera da sua hora de treinar, e se possam entreter naquela zona. Os arranjos, que já estão em execução, vão servir também para que os pais quando estão à espera dos filhos não sejam obrigados a ficar ao frio e à chuva. “Partimos do zero e hoje temos praticamente uma centena de atletas”Quando tomou posse a comissão administrativa encontrou um clube totalmente desorganizado, a ruína estava eminente. Tinha no entanto uma situação financeira estável. “Não haviam dívidas de monta, havia apenas o expediente geral. Mas o que nos pareceu foi que havia a ideia nítida de levar a União para o fundo. Chegou a parecer-nos que o aparecimento deste grupo, foi uma grande desilusão para quem queria acabar com ele”, disse Manuel João Aranha.Foi necessário começar a trabalhar depressa, para que se estruturasse o clube e também para se conseguir ainda avançar com as camadas jovens do futebol de formação. “Parece que neste momento as coisas estão a andar bem, que já conseguimos reestruturar o clube. De certeza que para já não vai morrer”, disse o dirigente.Recusando qualquer crítica aos seus antecessores, “porque toda a gente que por aqui passou tentou sempre fazer o seu melhor”. O grupo preocupou-se em criar condições para que o clube avançasse.Não tem sido um trabalho fácil, havia muitas pontas soltas. “O sentimento de sermos da Chamusca, de termos ajudado a que o clube tivesse crescido, alguns de nós estivemos na direcção que comprou a sede e fez o projecto para este campo de futebol, que orgulha todos os chamusquenses, levou-nos a avançar, e hoje não estamos arrependidos”.Foi começar não do zero, mas de menos do zero, não havia nada, o futebol estava totalmente desorganizado e com poucas hipóteses de avançar com qualquer equipa, muitos dos jovens que faziam parte dos quadros do clube nos anos anteriores, já tinham partido para outros lados.“Mas isso não nos levou a baixar os braços, com a ajuda da Associação de Futebol de Santarém, organizámo-nos, partimos dos escalões de escolas, infantis e juvenis, e hoje sentimo-nos orgulhosos de termos setenta e cinco jovens a praticar futebol na Chamusca”, disse Joaquim Luís Condeço.A ginástica de manutenção, entregue a um grupo de senhoras, também funciona bem. “Para a próxima época, no futebol, para além dos escalões que existem, temos a garantia de formar mais um escalão. Temos também a possibilidade de apresentar uma equipa de futebol de onze feminino”, disse o dirigente.Não foi fácil o arranque, mas com a boa capacidade de organização do grupo, e com a ajuda dos homens que tomaram o comando técnico das equipas, “todos trabalham de borla, não recebem um tostão do clube”, foi possível colocar as coisas nos carris e o União continuar a ser uma referência do futebol distrital.Mas a reorganização não passou só pela reorganização desportiva. “Foi preciso discutir muitos assuntos com a Câmara Municipal da Chamusca, reformular protocolos, e tratar de papelada para se receber algumas verbas a que tínhamos direito. Tudo tem estado a ser feito com um elevado espírito de colaboração e temos chegado sempre a conclusões correctas”, disse António Timóteo.Agora chegou a altura de apelar ainda mais ao apoio dos pais dos jovens jogadores. “Temos alguns pais que têm sido extraordinários com o seu apoio, mas é uma área onde temos que trabalhar melhor, sem o seu apoio é muito complicado, somos apenas cinco pessoas e não é fácil acompanhar o percurso das suas equipas”, afirmou o dirigente.A ideia é envolver os pais dando-lhes todo o apoio do futebol, deixando para a comissão administrativa a gestão do clube e a procura de uma solução directiva. “Queremos que no final da época haja uma direcção à frente do clube, estamos a trabalhar para isso, mas temos que contar com o apoio dos pais dos jovens”.A vontade de continuar a trabalhar por parte deste grupo directivo é grande e apenas pede um maior apoio por parte das instituições, dos pais e da autarquia. “Estamos dispostos a trabalhar e a levar o clube por diante, só precisamos que nos ajudem. Os jovens merecem-no e a Chamusca também”.
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