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Desertificação também pesa no bolso dos nossos autarcas

Desertificação também pesa no bolso dos nossos autarcas

Entre os presidentes de câmara que mais ganham e os que menos recebem há uma diferença de quase quatrocentos euros

Todos os presidentes de câmara são iguais perante a lei, mas a retribuição que levam para casa ao final do mês pelo desempenho das suas funções autárquicas varia consoante o número de eleitores que tem o seu território. O peso da desertificação e da interioridade também se reflecte no bolso dos autarcas. Só para se ter uma ideia, na área abrangida por O MIRANTE há uma diferença de quase 400 euros mensais entre os presidentes que ganham mais e os que ganham menos.No topo da escala encontram-se os presidentes dos municípios de Santarém (Francisco Moita Flores – PSD) e Vila Franca de Xira (Maria da Luz Rosinha – PS), os únicos que dirigem concelhos com mais de 40 mil eleitores nesta região, que embolsam mensalmente 3.708 euros ilíquidos (valores de 2008). A essa verba acrescem as despesas de representação, que não são despiciendas. Acima deles só os presidentes das câmaras de Lisboa e Porto, que até nisso têm estatuto à parte e ganham 4.079 euros.Nada mau num país onde muita gente vive com salários abaixo dos 500 euros, embora haja quem perca dinheiro com a actividade autárquica. É o caso de Moita Flores, escritor e professor universitário, que passou a viver apenas dos direitos de autor e do ordenado como presidente da câmara. Maria da Luz Rosinha terá menos razões de queixa já que na sua profissão de administrativa muito provavelmente não ganharia tanto. A meio da tabela fica a esmagadora maioria dos autarcas da região, que governam municípios com mais de 10 mil e menos de 40 mil eleitores e ganham 3.337 euros ilíquidos. No fundo da tabela surgem os autarcas dos concelhos mais pequenos e/ou mais desertificados, casos dos de Vila Nova da Barquinha, Chamusca, Constância, Golegã, Mação, Sardoal e Ferreira do Zêzere. O vencimento mensal é de 2.967 euros, que corresponde a 40 por cento do vencimento do Presidente da República.Mesmo assim, a maior parte dos autarcas da nossa região terá ficado a ganhar substancialmente mais com as novas responsabilidades. E gostaram tanto delas que andam por lá há mais de vinte anos com a caução do povo, que até à data tem confiado nos seus dotes de gestão. É o caso do electricista António Mendes (Constância – CDU), do empregado de escritório Sérgio Carrinho (Chamusca – CDU), dos professores Silvino Sequeira (Rio Maior – PS), António Ganhão (Benavente – CDU) e Sousa Gomes (Almeirim – PS).O único factor de ponderação nos vencimentos autárquicos é o número de eleitores. Um critério discutível, já que a dimensão do território, por exemplo, não é tida em conta. Se fosse, os presidentes de Coruche e da Chamusca seriam melhor remunerados, pois os seus territórios são de longe os maiores da região. O peso do eleitorado também se reflecte nos vencimentos dos vereadores e dos eleitos das assembleias municipais, como se pode ver na tabela anexa. E a brincar a brincar, um eleito de uma assembleia municipal dos municípios mais pequenos já ganha praticamente 60 euros por sessão. Doze contos na moeda antiga que, para o que alguns lá produzem e o tempo que lá passam, não deixa de ser interessante nos tempos de crise que se vivem.
Desertificação também pesa no bolso dos nossos autarcas

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