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Autarcas deixaram o trabalho a meio à procura de novos desafios

Desde 2005 sucederam-se as suspensões, renúncias e perdas de mandato

Razões políticas e pessoais, incumprimento da lei ou vontade de experimentar outros cargos levam autarcas a abandonar funções para quem foram eleitos pelo povo.

O mediático candidato Vasco Rato não chegou a aquecer o lugar de vereador em Vila Franca de Xira. O cabeça de lista da coligação Mudar Vila Franca (PSD-CDS/PP) entendeu que era candidato a presidente da câmara e deu o lugar a Rui Rei que liderava a estrutura concelhia do PSD. Vasco Rato nunca mais foi visto em Vila Franca. A simpatia pelo concelho manteve-se, mas é vivida à distância. O seu nome só voltou à berra quando se falou dum processo que correu nos tribunais por causa da campanha da coligação que o PS considerou ofensiva da presidente de câmara e dos socialistas.A professora Sílvia Ferreira cansou-se de ser vereadora e não aceitou o lugar conferido pela votação obtida pela coligação PSD/CDS na Câmara de Benavente. Desiludida com o fraco resultado eleitoral, renunciou ao cargo logo no início do mandato e abandonou a vida política. A sua substituição não foi fácil. O actual vereador Bruno Nepumoceno era o quinto da lista e foi apanhado de surpresa pela chamada para o cargo, depois de duas recusas e da renúncia do vereador Salvador Mendes. Em Vila Franca de Xira, o socialista João Lopes, que tinha o complicado pelouro do urbanismo não se deu bem com a pressão, saiu em Junho de 2006 por razões pessoais, obrigando a uma reestruturação dos pelouros. Alberto Mesquita agarrou o urbanismo e Fernando Paulo Ferreira entrou para o executivo e deixou o lugar que tinha no gabinete da presidente.Em Salvaterra de Magos, o professor e empresário Carlos Marques abandonou o sonho de ser presidente da câmara e renunciou ao cargo de vereador em Setembro de 2007, depois duma polémica com a sua declaração de rendimentos. O autarca esclareceu as dúvidas, pôs tudo em pratos limpos e deixou a política para se dedicar à sua actividade profissional a cem por cento.Rosa do Céu não resistiu à chamada para o TurismoA forma como o socialista Joaquim Rosa do Céu abandonou a presidência da Câmara de Alpiarça a um ano do final do mandato foi considerada uma atitude de desrespeito pelos eleitos e pela população. A consideração partiu de um eleito da CDU na assembleia municipal, Celestino Brasileiro, que na última sessão desse órgão criticou a suspensão de mandato de Rosa do Céu, que trocou a autarquia pela liderança da nova Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo.O caso de Rosa do Céu não é virgem no panorama autárquico da região no actual mandato. Antes dele outros presidentes de câmara renunciaram ou suspenderam o exercício do cargo. No final de Janeiro de 2008, António Paiva (PSD) renunciou à chefia da Câmara de Tomar, onde esteve dez anos, para assumir funções em Coimbra como gestor do programa Operacional da Região Centro. Antes, em Setembro de 2007, tinha sido a vez do socialista Silvino Sequeira suspender funções como presidente da Câmara de Rio Maior para integrar a gestão do Programa Operacional do Alentejo. Um cargo onde não esteve muito tempo, regressando às origens nove meses depois. Como aliás já havia feito anteriormente, quando saiu da autarquia para desempenhar funções de deputado na Assembleia da República e como Governador Civil de Santarém. Oportunismo e desrespeito pelos eleitoresFalando no abstracto, o sociólogo e ex-vice-presidente da Câmara de Santarém, Joaquim Botas Castanho, diz ser “contra os que andam a saltitar de cargo em cargo”.Depois há as incompatibilidades políticas, também muito habituais e que por vezes têm desfechos radicais. O socialista Pedro Ribeiro viu ser-lhe retirado o estatuto de vice-presidente da Câmara do Cartaxo pelo seu camarada Paulo Caldas e, após uns meses em que as incompatibilidades políticas estiveram a marinar, acabou por abandonar o executivo em Fevereiro de 2008. Hoje é assessor no Ministério da Justiça.Mais recentemente, o vice-presidente da Câmara de Santarém, Ramiro Matos (PSD), pediu a suspensão de mandato por um ano, alegando razões pessoais e políticas. As relações com o presidente Moita Flores já se vinham deteriorando e em princípio o jurista já não volta ao executivo no actual mandato. Tal como Mário Santos, igualmente eleito pelo PSD, que mal chegou a aquecer o lugar no executivo escalabitano. Deixou o cargo em Setembro de 2006 para abraçar uma “proposta profissional aliciante”.

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