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Câmara de Vila Franca de Xira construiu três escolas sem concurso público

Câmara de Vila Franca de Xira construiu três escolas sem concurso público

Eleitos alegaram interesse público, mas incorrem no pagamento de multas por incumprimento da lei

Câmara foi confrontada com a necessidade de melhorar as escolas e adjudicou as obras após consulta a três empresas e sem concurso. Tribunal entende que urgência da obra não justifica “ilegalidade” e eleitos incorrem em pesadas multas.

As obras de remodelação, beneficiação e ampliação de três escolas básicas do concelho de Vila Fraca de Xira foram adjudicadas sem concurso público e sem visto do Tribunal de Contas (TC). As deliberações tomadas por unanimidade pela câmara, dada a necessidade urgente de melhorar as condições dos alunos, valeram mais três processos do TC que podem culminar com o julgamento da presidente e vereadores e o pagamento de pesadas multas. O MIRANTE apurou que os juízes rejeitaram os recursos apresentados pela câmara e mantiveram a recusa de emitir o visto para as obras adjudicadas o ano passado. Vereadores da oposição desconheciam o processo e foram apanhados de surpresa pela nossa interpelação. A remodelação da EB1 de Á-dos-Loucos, na freguesia de São João dos Montes, foi feita em Julho de 2007 à empresa Comprojecto-Projectos e Construções Lda. por cerca de 545 mil euros. O TC alega que a recusa do visto “teve por finalidade a nulidade do procedimento e do contrato por não se ter realizado o necessário concurso público prévio à adjudicação”. O mesmo argumento é usado para o processo de Beneficiação e Ampliação da Escola EB1 nº3, nas Bragadas, Póvoa de Santa Iria, adjudicada à Luseca-Sociedade de Construções SA por quase um milhão de euros (990.490,50 euros). Com o mesmo fundamento foi negado o recurso referente ao processo de Remodelação da Escola EB1 nº 4 da Póvoa de Santa Iria adjudicado também à Luseca por cerca de 1,2 milhões de euros (1 190 477,51 euros), todos os valores não incluem o IVA.Nos três casos a câmara considerou que cumpriu a lei e alegou a urgência imperiosa da obra-“que resultou de factos não imputáveis ao dono da obra e imprevisíveis”-para justificar o avanço sem o visto do TC. Alberto Mesquita, vice-presidente da câmara lembrou a O MIRANTE que o Ministério da Educação transferiu as responsabilidades na área da Educação para os municípios e introduziu a aprendizagem do Inglês e das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC’s), obrigando a um aumento da capacidade das escolas que já funcionavam em regime de desdobramento de horários. “Temos de cumprir com a Carta Educativa que identifica necessidades de construção e ampliação das escolas. Para resolver os problemas destas crianças não era possível aguardar por um concurso público. Os senhores juízes sabem o tempo que os concursos demoram”, disse o autarca.Os juízes conselheiros não reconhecem a necessidade imperiosa alegada pela câmara e consideram que foi cometida uma ilegalidade.Alberto Mesquita (PS) lamenta que os autarcas sejam postos em causa quando estão a contribuir para a melhoria das condições das pessoas. “Não houve aqui benefício de terceiros. Os únicos beneficiados foram as crianças que puderam usufruir de melhores condições mais cedo. Se houvesse concurso público, a obra ainda estaria por concluir”, adianta.O MIRANTE contactou o vereador da CDU, Nuno Libório e o vereador Rui Rei da Coligação Mudar Vila Franca que alegaram desconhecer o processo, remetendo para mais tarde comentários.Os autarcas explicaram que votaram favoravelmente as adjudicações com base nos pareceres técnicos apresentados e tendo em conta a urgência de realizar as obras.
Câmara de Vila Franca de Xira construiu três escolas sem concurso público

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