O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, apelou esta semana à iniciativa regional na procura de soluções de combate à crise, em especial nas regiões mais deprimidas. “É preciso envolver todos os actores, nomeadamente o poder local, em ano de eleições”, disse Carvalho da Silva, apelando a uma verdadeira “ofensiva regional de carácter novo para operações integradas que ajudem a resolver os problemas do país”.Perante as previsões do Boletim Económico de Inverno do Banco de Portugal (BdP), Carvalho da Silva sublinhou que é preciso não insistir em “meias verdades” e colocar todos os problemas do país debaixo da crise internacional. “Há problemas actuais da economia que têm uma natureza estrutural, não sendo mero fruto da crise internacional, mas sobretudo das fragilidades que o país tem por resolver”, afirmou. Para Carvalho da Silva, as previsões do BdP e o discurso de segunda-feira à noite do primeiro-ministro, José Sócrates, em entrevista à SIC, confirmam os cenários esperados “há bastante tempo” pelas instituições internacionais.Desta forma, para a Intersindical, o Governo deve centrar-se nas medidas a adoptar para reanimar a economia e “recentrar a governação no interesse das pessoas”. É necessário ainda uma “mobilização de todas as forças económicas” para se encontrarem saídas, reforçou.Carvalho da Silva alertou ainda para o facto de “ser preciso usar as disponibilidades que o país dispõe para investir na produção de bens e serviços úteis no actual contexto e não para recompor sistemas que são responsáveis pela actual situação, como o financeiro”. “O investimento tem que ser cuidadoso e destinado à produção de bens úteis”, defendeu. O BdP previu esta semana que a economia portuguesa se vai contrair 0,8 por cento em 2009, com o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer 0,3 por cento no ano seguinte.O Boletim Económico de Inverno actualiza as projecções anteriores que apontavam para um crescimento do PIB igual a 1,3 por cento este ano.O desempenho da economia portuguesa este ano é explicado pelo comportamento das exportações líquidas (que reflecte a diferença entre as exportações e as importações), cujas previsões apontam para um contributo negativo de 0,8 pontos percentuais.O primeiro-ministro José Sócrates admitiu em entrevista que a economia portuguesa não escapará à recessão, já que esse é um cenário “cada vez mais provável”.“Acho que nós devemos rever as nossas previsões quer quanto ao desemprego, quer em relação à economia”, disse o primeiro-ministro na entrevista onde admitiu que a taxa de desemprego em 2009 fique acima da taxa prevista para o ano passado. José Sócrates sustentou que o actual momento económico é “uma crise que não tem paralelo histórico”.