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Tribunal de Contas questiona trabalhos a mais do Museu do Neo-Realismo

Tribunal de Contas questiona trabalhos a mais do Museu do Neo-Realismo

Câmara de Vila Franca pagou 450 mil euros em cinco contratos adicionais

Autarquia apresentou recurso onde justifica derrapagem dos custos. Juízes consideram que presidente e dez vereadores violaram as normas. Eleitos incorrem no pagamento de multas.

Depois da ameaça do pagamento de multas até 13 350 euros, os eleitos da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira estão a braços com mais um processo do Tribunal de Contas (TC). Os juízes questionam a legalidade de 450 mil euros de trabalhos a mais pagos na Construção do Museu do Neo-Realismo de Vila Franca, inaugurado a 20 de Outubro de 2007 pelo Presidente da República, Cavaco Silva. A obra, realizada pela empresa Manuel Rodrigues Gouveia SA, custou 2,7 milhões de euros e os contratos em causa foram celebrados entre Setembro de 2006 e Setembro de 2007. Na análise dos documentos, surgiram dúvidas e o TC decidiu realizar uma auditoria.No entendimento do TC, há ilegalidades nos cinco contratos adicionais (com valores entre os 33 mil euros e 180 mil euros e os auditores entendem que há um volume de trabalhos no valor de 273 mil euros que deveria ter sido separado. Presidente e dez vereadores do PS, CDU e Coligação Mudar Vila Franca, que participaram nas deliberações, incorrem no pagamento de avultadas multas.A câmara fez uma contestação global onde argumenta que os erros e omissões resultam de deficiências do projecto que tiveram que ser corrigidas para o bom andamento da obra e de imposições que derivaram da necessária alteração do projecto.A autarquia recorda que logo no início das escavações foram encontrados achados arqueológicos que obrigaram a câmara e o empreiteiro a fazer alterações ao plano de obra. As estacas que suportam o edifício tiveram de ser alteradas e houve um investimento reforçado na qualidade da segurança e iluminação do edifício construído no centro da cidade. Outra intervenção não prevista inicialmente foi a ligação em rede telemática com outros edifícios municipais.Os argumentos apresentados pelos eleitos não convenceram os três juízes conselheiros. Os auditores entendem que trabalhos a mais só podem ser adjudicados por ajuste directo quando estão reunidos todos os requisitos legais e alegam que estes trabalhos não resultaram de circunstâncias imprevistas, como prevê a lei. Um entendimento diferente do dos juristas da autarquia que consideram justificáveis os erros e omissões e os trabalhos a mais.TC alerta que trabalhos a mais “não dependem” da vontade da câmaraO relatório do TC refere que os trabalhos a mais incluídos nos cinco contratos deviam constar de um único e frisa que os mesmos “não dependem apenas da vontade do dono da obra”.O TC remeteu o processo para o Ministério Público a quem cabe decidir se são aplicadas as coimas, se os eleitos devem ser julgados, ou se o processo é arquivado. Os magistrados terão de se pronunciar ainda durante o mês de Janeiro. Mesmo que o Ministério Público decida pelo arquivamento, o ministro com a tutela das autarquias, Francisco Nunes Correia, tem a última palavra.Recorde-se que, como O MIRANTE noticiou a semana passada, dez eleitos da câmara incorrem num processo semelhante que tem a ver com a construção da segunda fase do Parque Urbano do Forte da Casa.Entretanto correm mais três processos que se prendem com a construção de três escolas básicas nas Bragadas, Póvoa de Santa Iria e A-dos-Loucos (São João dos Montes) (ver texto nesta edição). A autarquia é suspeita de ilegalidade por ter adjudicado as três obras sem o imprescindível concurso público.Eleitos das três forças visadas (PS, CDU e Coligação Mudar Vila Franca) disseram a O MIRANTE que aguardam serenamente a conclusão dos processos. Todos referem que confiaram nos pareceres técnicos e reconhecem a necessidade de responsabilizar mais os autores dos projectos que sustentam as decisões políticas dos eleitos.
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